Por
Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)
Estamos no ano de 1858. João Nogueira
Gandra, falecera a 5 de Dezembro, deixando o lugar vago, no Biblioteca da
cidade do Porto.
Camilo Castelo Branco pensou que seria
ocasião ideal para obter rendimento certo, e habilitou-se ao cargo, de
bibliotecário. Para isso solicitou ao deputado José Barbosa da Silva, seu
amigo, que o recomendasse junto do Governo.
O lugar era cobiçado por muitos, que
tinham a seu favor, diploma, atestando o “saber”, passado por uma Universidade.
Camilo era autodidacta, de vasta cultura.
Frequentara a Escola Médica e o Seminário, mas não concluirá nada. A sua
credencial: era de escritor de indiscutível mérito, romancista de grande
sucesso; de primeira plana, na literatura portuguesa.
Alexandre Herculano, ao saber da pretensão
do escritor, escreve a 19 de Dezembro de 1858, na primeira página, do periódico
lisboeta: “ Jornal do Comércio”: “ (…) Camilo Castelo Branco é um dos
escritores mais fecundos do Pais, e, indiscutivelmente, o primeiro romancista
portugueses.”
E, asseverava, que a melhor escolha da
Câmara portuense e do Governo, seria nomeá-lo para o cargo.
Mas Camilo tinha muitos inimigos. Não era
bacharel, e havia ainda, o escândalo de se ter apaixonado por Ana Plácido –
casada com o capitalista Manuel Pinheiro Alves, – cunhada do filho da celebre
Ferreirinha, viúva de António Bernardo Ferreira.
Inimigos do escritor, quiçá familiares dos
pretendentes, ao cargo, escreveram cartas anónimas ao Presidente do Conselho,
dizendo-lhe: que Camilo era mulherengo incorrigível, e detestado na cidade do
Porto.
Concluindo: a 24 de Fevereiro de 1859, foi
nomeado bibliotecário da Biblioteca do Porto, Eduardo Augusto Allen.
Em 1860, Camilo seria preso por adultério,
visto viver na companhia de Ana Plácido (esposa de Manuel Pinheiro Alves,) com
quem viria a casar, a 9 de Março de 1888, – depois da morte de Pinheiro Alves,
– num prédio da rua de Santa Catarina, no Porto. Actualmente redacção do jornal: “A Ordem”.
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