domingo, 1 de janeiro de 2017

NOITE

Por Menotti del Picchia (1892-1988)

As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem.
Todos os rumores são postos em surdina,
todas as luzes se apagam.

Há um grande aparato de câmara funerária
na paisagem do mundo.

Os homens ficam rígidos,
tomam a posição horizontal
e ensaiam o próprio cadáver.

Cada leito é a maquete de um túmulo.
Cada sono em ensaio de morte.

No cemitério da treva

tudo morre provisoriamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário