quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

NOITE CARA DE PAU

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

E cai-se a noite... A solidão se tornou sua melhor amiga, o estranho é que ela não se acostumou ainda com a situação. As coisas mudaram seu curso e nenhum móvel da sala saiu do seu devido lugar. Somente o sofá que não é mais o mesmo. A sala ficou florida com a estampa do novo móvel e de repente Cruz e Sousa ao lado, ‘’O Assinalado’’ entrou no seu cotidiano: - Chegada a hora de crescer mais menina... – falou para si mesmo. E o maldito relógio não parou o tempo e cada segundo passava mais rápido que uma tartaruga. Tartaruga? Tadinha, a coitada mal anda com aquele corpinho! E a velha Biguaçu mais parada que Florianópolis em dia de domingo! Pelo mundo a fora, Jacob’s editam as regras da boa convivência: Negro não pode existir. Se é que isso pode se chamar de uma boa convivência!
São Jacob’s nos colocando grilhões e amordaças, ferindo a nossa liberdade. Um cara de pau ou mais um racista? O fato concreto é que a negritude não se cala por nada. O que ninguém imagina, é que um Jacob se quer disturba a real história dos negros. Na internet caiem por terra num apertar da tecla enter do seu aparelho. Um bloqueio e tudo resolvido. Algo temporário na verdade. A noite prossegue e os seus pensamentos vão longe. Para onde é o pouso nem ela sabe.

O estranho é que ela mesma escreve esse texto enquanto todos dormem e o único barulho é o apertar das teclas do seu computador. E diante de si um maluco que diz sentir algo por ela, um senhor beirando 62 anos. Mais um maluco na rede social ou desses caras de pau? E o que dizer da noite? Cara de pau chega tomando conta de tudo como se fosse seu e nem pergunta se a solidão pode ficar!

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