Por
Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Tenho, na
gavetinha das recordações, três lindas cantarinhas; cada qual a mais graciosa.
Três bonitas
cantarinhas, autografadas.
Recebi-as
numa tarde soalheira de maio, cheias de sol e amor.
Uma,
deu-ma rapazinho, que partiu para não voltar. E se voltar, será transubstanciado
em: luz e amor.
As outras
duas, recebi-as de lindas e virtuosas meninas, com carinho e amizade.
Naquela
tépida e longínqua manhã de Maio, deambulava, distraído, entre milhentos cestinhos,
repletos de cantarinhas.
Eram todas
em miniatura; todas pequeninas; todas de barro bem vermelhinho. Pintadas com
amor e carinho.
Raparigas
travessas, banhadas de sol, e saias garridas, soltavam gaias gargalhadas, e,
mirando-me de soslaio, perpassavam por mim.
Mocinhas
sisudas, de saias compridas, e olhos baixos, reclinavam, recatadas, os rostos
trigueiros, sorrindo…; mas nenhuma oferecia-me cantarinhas…
Tinham
namorado; e as que não tinham, buscavam-no. Não eu; pobre solitário, que em dia
de sol, de vento fresco e acariciador, passeava entre fogosa meninada, que comprava
dúzias de cantarinhas.
Porém, ao
pôr-do-sol, ao recolher da tarde, duas lindas meninas, brindaram-me com duas
amorosas cantarinhas; pintadas a cores festivas, e gravadas a letra manuscrita.
Uma, é
“alta”, esguia, e elegante, tem um: “T”, bem lançado; a outra, é baixa e
graciosa, tem no “ largo” bojo, um: “G”, tremidinho.
Quase
cinco décadas passaram. Passaram, também, ilusões e risonhos sonhos da
juventude; mas, na gavetinha das recordações, há, bem aconchegadas, três
cantarinhas, pequeninas, que três jovens, em tépido dia de Maio, ofereceram-me
com carinho e amor.
Como é bom
recordar! … Como é bom ver as cantarinhas! …Todas três embrulhadinhas. Todas
três juntinhas, como estão as meninas, que mas deram, ainda, no meu coração…
A Feira
das Cantarinhas, realiza-se no primeiro fim - de- semana de maio.
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