terça-feira, 1 de junho de 2021

TRIBUTO A NELSON SARGENTO

Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)

 

Nelson Sargento se foi

Lenda-samba feneceu

Aos noventa e seis anos

O fato assim sucedeu

A Mangueira está em pranto

Do morro o clamor desceu

 

Foi-se o sambista no Rio

Sem carnaval sem balão

Foi encontrar Pixinguinha

Cavaquinho e Jamelão

Foi rever Mestre Cartola

Xangô com seu violão

 

"Nelson Sargento com vida"

Monarco, Diogo Nogueira

Sandra de Sá e Alcione

Lá na Estação Primeira

Onde o samba faz a curva

Pulsa o ritmo da Mangueira

 

Foi o Zumbi dos Palmares

A desfilar na Avenida

Artista plástico e pintor

Soube ser ator na vida

"Prisioneiro do mundo"

Obra boa pra ser lida

 

"Agoniza mas não morre"

É "sinfonia imortal"

E "De Boteco em Boteco"

Na Avenida o Carnaval

"Apologia ao mestre”

Nosso samba é sem igual

 

Nelson Sargento Brasil

O samba em boa cadência

Germinou amor e paz

Na raiz da consciência

Sentimento que brotou

Floresceu experiência

 

Centenas de criações

Foi memória e baluarte

Na passarela do samba

"Samba do Operário" e arte

Um "Cântico à Natureza"

Nelson fez a sua parte

 

Nelson embalou o samba

Fez sua arte com esmero

Em "Idioma Esquisito"

E com "Falso amor sincero"

No samba foi cardeal

Um poeta do alto clero

 

Curtia contar histórias

A sua vida era sambar

Sonhou, sambou e viveu

Batuque a vida levar

Bamba, mestre e folião

No morro, avenida e mar.


(Gustavo Dourado é presidente da Academia Taguatinguense de Letras - ATL)

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