Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
Nelson Sargento se foi
Lenda-samba feneceu
Aos noventa e seis anos
O fato assim sucedeu
A Mangueira está em pranto
Do morro o clamor desceu
Foi-se o sambista no Rio
Sem carnaval sem balão
Foi encontrar Pixinguinha
Cavaquinho e Jamelão
Foi rever Mestre Cartola
Xangô com seu violão
"Nelson Sargento com vida"
Monarco, Diogo Nogueira
Sandra de Sá e Alcione
Lá na Estação Primeira
Onde o samba faz a curva
Pulsa o ritmo da Mangueira
Foi o Zumbi dos Palmares
A desfilar na Avenida
Artista plástico e pintor
Soube ser ator na vida
"Prisioneiro do mundo"
Obra boa pra ser lida
"Agoniza mas não morre"
É "sinfonia imortal"
E "De Boteco em Boteco"
Na Avenida o Carnaval
"Apologia ao mestre”
Nosso samba é sem igual
Nelson Sargento Brasil
O samba em boa cadência
Germinou amor e paz
Na raiz da consciência
Sentimento que brotou
Floresceu experiência
Centenas de criações
Foi memória e baluarte
Na passarela do samba
"Samba do Operário" e arte
Um "Cântico à Natureza"
Nelson fez a sua parte
Nelson embalou o samba
Fez sua arte com esmero
Em "Idioma Esquisito"
E com "Falso amor sincero"
No samba foi cardeal
Um poeta do alto clero
Curtia contar histórias
A sua vida era sambar
Sonhou, sambou e viveu
Batuque a vida levar
Bamba, mestre e folião
No morro, avenida e mar.
(Gustavo Dourado é presidente da Academia Taguatinguense de Letras - ATL)
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