Quadrilogia: Negras linhas em
páginas em branco
Poliedro (cadê o meu blush)
Um tributo para Rute Margarida Rita
Em uma tela
Existe o eu traída
Abstraída,
dividida
E subtraída
Em uma tela em HD
***
Mas cadê o meu rímel?
Cadê o meu blush?
Cadê o meu batom?
Cadê as minhas palhetas esmaltas...
Multicores?
E a minha meia arrastão?
***
O eu delimitada
E internalizada
Enquadrada
Em clausura eterna
Em uma surreal tela digital
Que é de alta definição
***
O eu escandalizada...
Imortalizada
E sem filtros algum
E sendo arquivada
No final da história pós-moderna
***
But I've never been to Brooklyn
In Harlem
Or in Queens
***
I've never been to Seattle
I've never been to the Bronx
I've never been to the South Center in LA
***
I never dreamed of higher flights
I've never been to the West end
***
O eu supra-real
O eu sendo passional
Um ser ficcional
Emoldurada para sempre
Em uma rede digital social
Superficial
Sendo uma pessoa irreal
Que não sou eu
De verdade
Por Samuel da Costa e Clarisse Cristal
Algaravia
Encontrei
as chaves perdidas de papai
Estavam lá, estáticas e bem seguras
Na
algibeira interna
Do
meu sobretudo negro
***
Agora sou eu que não me encontro mais
Acordo pelo amanhã
E contiguo a mim
Uma angustia
Infinda
De ser uma outra pessoa
Alheia do que fui até a pouco
***
Desaprendi
A
compor em versos com poesia
Desaprendi a contemplar o vago
E o vazio inquebrantável
Do noturno silêncio oblíquo
Em noite perdida no campo santo
***
Encontrei as outrora chaves perdidas de
papai
Agora a luz do dia faina
O meu corpo oco e insípido
Inerte em duas rodas velozes
***
Encontrei as chaves perdidas de papai
E minha nova paixão
Surge sempre benfazejo
Ao final do expediente
Clarisse Cristal
Tessituras
Just don't try to forget
My beloved ivory like poet
I love you
***
Definitivamente
O nosso trágico idílico
Caso de amor ultra-romântico
Não é um grave problema
Não é uma sintéctica
Chaga pós-moderna na minha opinião
***
Que me perdoem
Todas as sacrossantas Valquírias
Todas as devassas Tíades,
As místicas Sereias
Todas as bravias Amazonas,
Todas as sedutoras Yaras e Kiandas
De todos os mares, de todos os oceanos
Em
todas as bucólicas enseadas
De todos os mortais rios
E abissais lagos distantes
De todas as perdidas ilhas longínquas
E de todas as florestas encantadas
Em todos os tempos em todos os lugares
Pois eu simplesmente amo você
Imortal ebúrnea poetisa atemporal
***
Neste arremate final
Nas nossas cosmovisões
Convulsas
Perco-me
nas nossas
Supra-reais negras fluídas linhas
Nas nossas sinfônicas tessituras
Intertextuais
A nossa edênica divinal morada
Para o além dos astros
Onde vamos nos amar
Para todo o sempre
Meu nefelibata aedo de ébano
Por Samuel da Costa e Clarisse
Cristal
Afagos
A despeito
De todos os nossos grandes gestos
E de todas
As nossas pequenas delicadezas
Nos
nossos cotidianos na pós-modernidade
Peço-te que jamais desapareça
Da minha vida desapareça
***
Só agora que eu percebi
O quanto tu me fazes falta
Nestes dias desolados
E confusos
***
Não! Não se vá embora
Venha para perto de mim
Por
favor
Vem e pegue na minha mão
Minha dulcíssima ebúrnea poetisa
Que vive em límpidas águas tranquilas
De um rio claro
***
Então simplesmente
Vamos despir
Os nossos sapatos apertados
E vamos dançar no meio da rua
Vamos ser felizes
Aos meios dias
E as meias noites
Samuel da Costa
Clarisse
Cristal é bibliotecária e poetisa em Balneário Camboriú SC
Samuel
da Costa é funcionário público e poeta em Itajaí SC
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