quinta-feira, 1 de julho de 2021

QUADRILOGIA: DO EU MULHER NEGRA, DA LIBERDADE E DO AMOR

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

 

No Silêncio dos Mortais

O homem caminha

No silêncio dos mortais

Na sua tórrida liberdade,

Entre mortos

A espera de sua sentença;

À baixo de seus pés

Sangue derramado

E colunas de pedras

Sem janelas

Onde seriam sua morada;

Aprisionado em si mesmo,

Homem contra homem,

Não vê cores alegres

Apenas uma realidade

Em tons de preto, cinza e marrom;

Década de 40

É a sua sentença,

Uma guerra sem sentido!

 

Ela, o tempo e a vida

Ela deixou

O tempo te conduzir.

Diminuiu os passos,

Foi devagar

Olhando cada detalhe da vida.

Ela viu borboletas amarelas

Na flor de hibisco.

Sentiu a brisa do vento

E sobre a luz do sol

Dançou

Sem se importar

Com a perfeição

De cada movimento.

Ela só quis

E se permitiu

A conviver com a dor.

 

Saudades de ti

Dentro de uma caixa,

Onde o vazio da saudade

Guarda lembranças de ti

Tem o seu sorriso mágico.

Eu me lembro bem

Do teu olhar

De menina

E desse jeito simples

De abraçar.

A vida no teu abraço

Sempre foi o gesto fraterno

De quem sabia amar.

 

Prisioneiro

 

Não sei bem, mas acho que falta o discernimento das pessoas nas coisas.

Certa vez vi um homem que morava numa simplicidade tamanha, um lugar no meio do nada para nós mortais materialistas, mostrou a sua vida e falou sobre a liberdade.

O homem disse que, "aqui não tenho trânsito, não tenho barulho",  e entre tantas coisas terminou dizendo "eu sou livre".

E eu lhe pergunto: - Você é livre? Não. Você é preso ao sistema e digo mais, prisioneiro do seu próprio celular.

Sua alma deixa de viver.

Na verdade, você fica em transe. Estático. E na boa parte da sua vida esquece de ter alguma atitude. Já parou para pensar quantas chances você já perdeu só digitando, enchendo sua vida de status e frases prontas?

Já paquerou com olhar hoje? Não digo admirar a beleza estática numa fotografia, mas sim vida real, olho no olho. Os segundos e minutos são contados todos os dias. Mas a vida passa uma vez só e não perdoa.


Clarisse da Costa é cronista e poetisa afro-brasileira de Biguaçu SC

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

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