quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

ESPERANÇA

Por Leandro Bertoldo Silva (Padre Paraíso, MG)

 

Quero fazer dos meus olhos mentira

Para acordar igual a um passarinho

Ouvindo ao longe, bem longe do ninho

O que o cansaço fadiga e suspira.

 

Oh, mar de gente, de sangue e de ira!

Torpe desejo de espúrio caminho.

Faça-me livre de seu escarninho.

Não me embandeire; seu ardil não me inspira.

 

E nesta febre que (se)invade – há jeito?

Saudades tenho as que me recordo

Quando, feliz, dormíamos no leito.

 

Há de chegar o dia em que a bordo,

Mesmo a noite sendo em meu peito,

Desta cingida nau outro me acordo.

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