Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Durante o tempo que fui redator
de publicação local, e realizei várias entrevistas a figuras notáveis.
Certa ocasião, entrevistei
conhecida deputada. Tentei combinar o local do encontro. Não queria o
parlamento. Propôs-me sua casa, num fim-de-semana.
À hora combinada, bati
levemente à porta. Decorridos segundos, abriram-na e mandaram-me entrar para
pequena salita, que abria para jardim.
Em breve surgiu a ilustre
deputada. Trazia a boca cheia de alegres sorrisos.
Conversamos detalhadamente. Na
hora da chã, convidou-me, como se fossemos velhos e íntimos amigos, para
lanchar com a família.
Durante a merenda, enquanto se
servia a chã, contou-me, porque não gostava de ser entrevistada:
" Em norma, os
jornalistas, não querem conhecer o meu pensamento, mas apanhar-me num deslize,
fazendo-me perguntas traiçoeiras.
Acontece a todas. Certa vez
Nicolau Breyner, foi a S. Bento, e perguntou, no corredor, às deputadas, que
deparou: " Quanto custa um papo-seco” (pãozinho). Apanhadas de
surpresa, habituada a comer em restaurantes, não souberam responder gaguejando.
"No dia mediato, o jornal
dizia:" Como podem as deputadas defenderem o povo, se nem sabem quanto
custa o pãozinho?"
Ao recordar o já remoto diálogo,
lembrei-me que tanto eles, como elas, encontram-se tão distantes dos cidadãos,
que é-lhes difícil compreenderem a precisão da população. Por isso, é que ouvi,
certo político, afirmar que: " Com pouco mais de mil e trezentos euros, já
se era rico em Portugal!"
Já se passaram décadas, que a
Doutora Manuela Ferreira Leite, afirmou na TV: " Governar, não é muito
diferente do trabalho da boa dona de casa – gastar de harmonia com o que se
recebe."
Mas, como já não há donas de
casas – ou são raras, – talvez seja a razão, porque os países andam tão malgovernados...
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