Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Para a poetisa Clarisse da Costa
Deparei-me
com secos arbustos
E
verdes galhos de árvores
No
meio de uma estrada deserta
Então
é precisa ter cuidados
Com
o que vem por aí
***
Criei
coragem e li e reli
Os
antigos e infantos estribilhos meus
Que
republiquei recentemente
***
E
o mundo está mais escuro,
Sem
o brilho da lua cheia
Sem
os raios do astro rei
Digo
que é apenas a escuridão
De
um céu sem estrelas
Os
ventos solares que não sopram
As
ondas não quebram na orla oceânica
E
a poetisa ebúrnea me abandonou
Para
nunca mais voltar
***
Olho
para trás e veja
Que
o tempo não é mais nada
Do
que uma mera ilusão
E
os nossos sonhos
Não
correspondem ao momento presente
E
eventualmente os nossos pés descalços
Tocaram
no chão hirto e frio
***
Eu
o negro e periférico
O
cidadão do novo mundo
Gostaria
de citar elementos
Da
cultura africana nos meus textos
São
mulheres de ébano
Da
aldeia Nyiominka Serer
Lindas
a praticar uma dança tradicional
***
Na
minha obsolescência programada
Disse
o meu programador acidental
Como
é lindo o vosso trabalho
Adoro
o teu conteúdo artístico flácido
E
há muito ultrapassado
Adoraria
poder colaborar
Com
o seu deslumbrante fim
Sussurrou
ele ao meu ouvido
***
Eu
queria conhece a Nigéria
Ver
as mulheres da nobreza Peule
Ornadas
com os seus maviosos
Brincos
de ouro
E
carnudos lábios tatuados
***
Como
é deveras sedutor
Imaginar
a criatividade serena
Em
ação a consagra a imaginação
A
produzir ideias originais
E
criar algo realmente
E
inventivamente novo
***
Surreal
Contaram-me
que os meus designers internos
Trabalham
sem parar
Com
uma perspectiva hipersurreal
Querem
conquistar o inóspito ciberespaço
O
universo afrofuturista das belas-letras
***
Tolas
criaturas
Vou
chamar um carro de aplicativo
Adentra-lo
corajosamente
Ver-me
dobra a esquina
E
desaparecer por completo
Fragmento do livro: Astro-domo, de Samuel da Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa
Catarina.
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