De repente o universo inteiro
Cabe na minha simples inexistência
Como uma mentira
Que cabe em mil palavras mecanizadas
***
Pois na minha observância
Pueril e imperfeita
Sente a súbita necessidade
De se dissolver nas massas
Dissolutas
Que se aglomerou nos burgos
Em março último
Como em um suicido coletivo
Estúpido e conservador
***
Não muito longe
Em tempo e espaço
A divina dama
virginal
Vague-a sorridentemente
Pelas ruas
Ela vai visitar uma
modista
Para lhe encomendar o enxoval
Embebecida de sonhos
E ilusão matrimonial
***
Que tombe todas as muralhas
Que tombe o universo
inteiro
Dentro de mim...
Que se consuma em tediosas horas
Inexatas e nevoentas
Todas as minhas certezas
Até não sobrar mais nada
De coisa alguma!
***
Como o escriba
Que em desesperadas horas
Esconde-se na água furtada
A sonhar com aquilo
Que não existe
***
Assim como o fadista
Toma a cistres
E chora para ouvidos mocós
Eu durmo para não
Acordar mais
Assim como possuo
A amante
Para não possuir coisa alguma
Consumido por efêmeros
Prazeres para uma
Vida toda de dores sem fim
***
Ainda tateio em meio à escuridão
Completa!
Procurando não sei o que!
Ainda procuro candeeiros
Para iluminar
O meu ser mais-que-imperfeito
Nenhum comentário:
Postar um comentário