sábado, 1 de abril de 2017

PRINCESA NEGRA (2)

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)


Espelho eu fui recriada e não sabia. Eu fui recriada de tal forma que Clarisse parece um ser surreal. Não imaginei que fosse tão difícil ser Clarisse da Costa.A minha rebeldia diz: ‘’quero colo vou fugir de casa’’... Fugir? Como? Não adiantaria. Até mesmo porque onde formos à realidade vai junto conosco. E que princesa é essa que eu sou? A minha coroa é a caneta e o meu manto é o papel. Será que sou o fruto da mente alheia?
- Querida, os guerreiros se perguntaram várias vezes o que faziam ali guerreando. Muitos não sabiam o objetivo da guerra e nem porque tinham matado aquela pessoa lá do outro lado. A única certeza que tinham era de seguirem em frente. O ser humano é complicado. A vida não vem com o manual de instruções. Nós que as complicamos. E ser mulher nos dias atuais não é nada fácil.
-A mulher é alvo de críticas sempre, não dá pra correr disso. É permanecer firme. Faz parte do crescimento humano. Você agora vive uma nova fase, é uma nova mulher. E essa nova pessoa eles desconhecem e geralmente o povo tem pavor de novidades. Mudanças nem sempre são bem vindas. Em sociedades tradicionais é ainda mais acentuado. Eles estão com medo da nova Clarisse.
-Mas não deixe o barco parado por causa dessas pessoas. Princesa, ou não, só é um guerreiro que não para de lutar. Então espelho... Por um momento pensei que estava fazendo algo errado. Como se eu fosse o pecador e o povo do meu bairro Pilatos, me condenando.
- Querida somos todos errantes e o povo do poder cai em cima dos pequenos. São alguns os que chamamos de falsos puritanos. A sua luz ofusca o povo da sua cidade. De repente o pássaro ganhou asas e se destacou. Você cresceu mais que a cidade e é natural a rejeição. A solução é seguir adiante sem olhar para trás.
Tudo bem... Aliás, pedras são para serem chutadas mesmo. E o caminho é aquele que te faz feliz.


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