Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Espelho,
espelho meu... Não vou perguntar quem é a mais bonita que eu, afinal até ontem
eu era o patinho feio e eu já saí dessa posição que me colocaram faz tempo. Vou
apenas dizer-lhe que essa vida é uma caixinha de surpresas. A Princesa
Rapunzel, a mais linda, do mundo real chamado planeta terra disse que sou uma
princesa. Uma princesa negra? – fiquei pensando. E por que não? Afinal, quem
disse que Jesus é branco? Espelho eu demorei um tempão para me ver com outros
olhos, hoje sei que sou aquilo que sou e não o fruto da criação dos outros. O
meu cabelo duro da época em que eu apenas queria brincar têm cachos que
balançam e uma linda história de luta para contar. Vi-me em você e encontrei
beleza. Não falo do físico e sim de algo que vem da alma. Uma beleza interior
que não se desenha simplesmente se vê com o coração. Dizem que sou incrível,
pois bem, quem sou eu pra discordar? Afinal não existe mais o patinho feio! E a
estrada dos vencedores é logo ali. É só seguir e seguir. Desistir tem alto
preço. Confesso que já pensei em desistir várias vezes, olho pra mim e pergunto
se vale a pena. Mas isso faz parte de mim. Digamos que escrever é metade da
minha personalidade. Ouvi um amigo me dizer que sou dez. O que quer dizer com
isso? Quando tirei uma nota dez na vida que eu não estou sabendo? Eu passei?
Cadê o diploma? Sei, sei bem espelho. Não existe diploma na escola da vida. Só
estou brincando. Rir um pouco tornam as coisas mais leves. De amargo já basta o
limão. Não quero esse cálice. E que cale se o maldito conservadorismo! É meu
dever ser feliz. Curtir cada momento como um novo rabisco. Claro que a vida não
é uma folha de papel ou algo descartável, mas podemos fazer novos jeitos,
sempre recomeçar… Uma reviravolta nos momentos atuais muda a trajetória das
coisas. Mudar espelho. Você me reflete e pouco do que hoje sou eu vejo. Normal
até, quando vivemos presas no nosso mundo e rapidamente saímos da casca custamos
ver as mudanças. Somente quem está de fora para nos dizer. E vem os carinhas a
me perguntarem: - Como uma gata como você pode está sozinha? O engraçado
espelho querido, é que quando eu acreditava fielmente no amor não era notada
por nenhum homem. São os novos tempos? E eu perdi essência do amor, deixei de
acreditar no amor e com isso parei de escrever sobre ele. Acho que tenho que
resgatar isso. Um pouco desse cálice não mata e nem dói tanto assim. Acho que
fui dramática com as minhas dores. Eu devo ter um defeito... Claro, sou
romântica demais. Não sei se eu esperava o príncipe encantado até mesmo porque
príncipes não existem e este não é ‘’O Diário de Uma Princesa’’, nem eu sou a
autora Meg Cabot. Na verdade é apenas uma tentativa de escrever o texto com a
temática em volta do cálice para um Jornal de Itajaí, Santa Catarina. E pra ser
franca deu o que seria um relato, ou, monólogo sobre mim. Cruz e Sousa, diria
que é mais um diálogo comigo mesmo. Maluquice de poeta! Na sua percepção nós
poetas somos loucos. Então... Viva os loucos. Não há nada melhor espelho que
seguir com a minha loucura. Afinal isso é a minha felicidade.
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