domingo, 1 de outubro de 2017

SEDE

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

(para Carmen Sílvia Presotto, em memória)



Porque da sede somos o cantil repleto

temos deveres e direitos em obrigações

diversas dos outros que são a seca

no copo vazio onde não aplacam iras

nem votos declarados como prática

da ética: infiéis procuram nas luas

sinais externos de que a vingança

se fará breve e ilusória na hora

em que apenas o sonho for visto

sobre dunas em águas salgadas



meu barco não será seu barco

nem nosso o impulso dos remos

que nos levará as terras opacas

entre espelhos foscos

e o cantil estará pela metade



instante em que nos vemos

sem entendermos as razões

além das órbitas e rotações



por ciúme derramamos o líquido

sobre as faces que na sede

temos o cantil vazio: em areias

encalhamos o barco ao fazermos

as mãos destrançadas em ritmos

e gestos de até logo.


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