“Posso não
concordar com uma só palavra sua, mas
defenderei até à morte o seu direito de
dizê-la.”
Voltaire
Por
Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Editora portuense, deu à
estampa dois cadernos de exercícios para crianças: um, dedicado a meninos;
outro a meninas.
Logo se levantaram vozes
indignadas, que, em nome da educação democrática, pediram a retirada dos
livros.
Não posso avaliar os conteúdos
dos cadernos, porque não os vi; mas admiro-me de tamanha indignação:
Não vivemos num regime
democrático, onde cada qual compra o que quer, e goza de liberdade de escolha?!
…
Eu sei, que há quem confunda:
ensino com educação; e há, igualmente, quem considere: igualdade de
oportunidades e direitos, com igualdade de género.
Está em voga, pelo menos no
Mundo Ocidental, defender educação igual para ambos os sexos. Pretende-se
educar, do mesmo modo como o dinheiro é cunhado na Casa da Moeda. Todos iguais.
Outrora ouvia, muitas vezes,
eminentes homens de esquerda, criticar a Mocidade Portuguesa, que pretendia
inculcar valores e ideologias caras ao Estado Novo.
Diziam – e bem, – que cabia aos
pais escolher e orientar os filhos; encaminhando-os, na vida, segundo seus
princípios e valores.
Em nome da “ liberdade”, o
Estado Novo retirava do mercado, tudo que não perfilhasse a ideologia em vigor.
Era a ditadura.
Agora, em nome da “liberdade”,
condenam, criticam e insultam (por vezes,) tudo e todos, que não seguem a
ideologia “oficial”. É o direito democrático.
Como os antigos antifascistas
(se me permitem pensar,) penso: cabe aos pais, educadores – enfim à família, –
educar as crianças, dentro dos padrões e princípios que professam.
Não há – como alguns afirmam, –
uma educação; mas várias. Como não cabe ao Estado e à classe politica, impor,
mas defender a livre escolha e a livre opinião.
Há educadores, de países – de
amplas liberdades, – que procuram igualar os sexos, desde a mais tenra idade:
para isso, as casas de banho de escolas, são unissexo; e defendem, até, que
cada qual, traje, como deseja: de saia, calção ou calça comprida, sejam meninos
ou meninas.
Pretendem, deste modo, igualar
o género, mesmo quando os pais e as crianças, não querem: por pudor ou
vergonha.
Admira-me, todavia, que, certas
pessoas, que eram acérrimas puritanas, no tempo da ditadura, fiquem agora
silenciosas, permitindo que o direito de expressão e de educação, sofra tratos
de polé.
Teriam mudado de opinião ou
acomodaram-se?
Admira-me, mas não devia
admirar-me, porque os que defendem plena liberdade, costumam ficar mudos,
quando se trata de a defender, em certas zonas do globo…
Mas, já o nosso Camões, dizia:
“ É fraqueza entre ovelhas ser leão” (Lus. Cant. I - LXVIII).
E há
tantos leões!...
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