sábado, 1 de fevereiro de 2020

TALVEZ


Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)



Talvez estivéssemos neste lugar, felizes

anos de fartura, pouco tivemos em recompensas,

delas não precisávamos naquela hora de estimas

e abraços no carinhoso sonho de estarmos juntos



o bastante e o tanto satisfeitos, flores perfeitas

não cultivadas, os jardins dispostos ao acaso

da polinização e do brotar das flores; talvez

os começos sejam difíceis de serem superados

em progressivas jornadas de esquecimentos;



a rigidez científica cerceia os passos humanos

em descobertas etéreas dos nossos fantasmas:

crer no inolvidável, dar-lhe nome e forma, tê-lo

consciente do tom com que calamos os dramas;



nossas vozes diagramadas em escalas não sensoriais;

talvez abrir os olhos tenha sido o instante supremo

onde confundimos as imagens e vivemos dos reflexos,

pálidos rostos refletidos nas águas.


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