domingo, 1 de agosto de 2021

DISPERSÃO EM PROSA E VERSO

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

Menina Solta

Dama dos fios cacheados,

Teu sorriso é só alegria.

Sei que escondes suas dores

Como também eu sei

Que tem sonhos.

Seu jeito faceiro

E formas intensas de viver a vida

Traz contigo

A força da mulher guerreira.

És inspiração, luz e emoção!

Tens a leveza no olhar…

És menina solta,

Pronta para voar!

  

Insegurança da Mulher

 

Acho que muita insegurança da mulher é fruto de uma educação machista que é dada a ela. Como assim? Primeiro que a mulher é ensinada a cuidar do homem e a obedecê-lo. Segundo a cuidar da casa e terceiro a cuidar dos filhos.

Ela não é preparada para cuidar da sua vida, de ter iniciativa própria, de lutar pelos seus objetivos... Muitas até acham que precisam de uma aprovação. Então quando estão diante do início de um relacionamento bate aquela insegurança.          

Talvez medo de não saber como agir, o que fazer... Alguns até acham que nada sabem sobre o sexo quando estão diante um homem mais vivido. E falar sobre esse assunto é difícil para muitas mulheres. Bate também aquela insegurança com relação ao corpo. Criaram a mulher pra ser frágil e assim querem que ela seja. Mas as coisas mudam.

E é bom essas transformações. Fico feliz quando outras mulheres procuram entender as coisas e encontram apoio de outras mulheres. Porque a mulher tem mesmo que apoiar umas as outras. Essa rivalidade entre nós mulheres não nos ajuda apenas prejudica.


O Mistério de Ângela

Fragmento

Capítulo 1: Aceitar a Morte

Repentinamente a porta se abre e o vento forte que lá fora está adentra a casa. Os passos aceleram conforme se aproxima e fica no ar um forte perfume. O olhar fica à procura e encontra aquele que estava por vir.

O submundo de Demétrio a leva para o desconhecido. A porta trancada há anos traz-lhe uma curiosidade fervente. Demétrio desce as escadas rapidamente sem olhar para trás. O vento ecoa pela casa como uma cantora de ópera a se apresentar em um grande teatro, assim as portas se abrem. O abre fecha das portas a deixa atordoada. E aquela porta misteriosa de jeito algum se abre.  Ângela não se atreve a abri-la. Vai direto para a cozinha e ali fica tomando um gole do seu café.  O café parece um espelho, e ali vê nuvens de chuva se aproximando.

A fresta da janela com apenas alguns vidros, na sua direção, deixa o vento bater no seu rosto. Seu cabelo bagunçado não nega o forte temporal que estava por vir.

Com a chuva caindo, Demétrio a chama. Abre a porta e nada encontra além da chuva e o vento que apavora com o seu canto constante. Ela entrou de volta e misteriosamente viu Demétrio no sofá.

O seu olhar fixo e sedutor convidava-a para uma noite quente de amor. A jovem mulher ajeita o decote e como por querer deixa os seios de fora. Quando percebe, olha e não o vê mais onde estava. Ela sobe os degraus da escada à espera de encontrá-lo em seu quarto e o que vê é apenas papéis caídos ao chão. Talvez derrubados pelo vento.

Demétrio estava na cozinha tomando o seu café amargo acompanhado do velho biscoito natalino feito pela sua Tia Antonella. Ao seu lado a sombra do reflexo da lua nebulosa.

Ela, debulhada em papéis velhos, encontra uma carta e a leva com sigo entre os seios para a sala. Sentindo o cheirinho de café a jovem vai até a cozinha, por algumas frações de segundo apenas encontra a xícara vazia e no ar o perfume inconfundível de Demétrio. Percorre a casa inteira e o encontra lendo o jovial Jornal Andar de Bicicleta.

Senta ao lado dele e não consegue entender a frieza com que este homem olha o jornal sem ao menos dar um sequer olhar para ela.

O tempo todo ela dizia eu estou aqui e Demétrio não esboçava uma reação se quer. O seu olhar era direcionado ao jornal. Ela apenas tinha que se contentar ao estar do seu lado. Então foi aí que ela teve a ideia de lhe escrever um bilhete.

— Ele sempre leu os meus bilhetes, vou escrever um. — pensou.

O bilhete dizia: "Meu amado, meu perfume está por toda parte desta casa, mas é o seu perfume que sinto. Por mais que a minha presença não seja notada, eu estou aqui te amando com o meu olhar e o coração a pulsar por ti! Olhe para o lado e veja você em mim, no meu olhar a te amar sem espaço para chorar a sua falta de atenção, pois sempre estarei aqui para você".

O bilhete ela deixou no colo de Demétrio, e por incrível que pareça nem o toque de suas mãos esse homem sentiu. As mãos de Ângela corriam suas pernas com o bilhete em uma das mãos. Imóveis sempre, para a surpresa da jovem. E o seu olhar ainda permanecia sobre o jornal. O que ali tanto lhe interessava?

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