domingo, 1 de agosto de 2021

DUETOS POÉTICOS EM QUATRO ATOS

 Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

Maiêutica poética (liberta-me de mim)

 

Hoje, olhei no espelho

E não me reconheci

Minha face resplandecia felicidade

Parecia rosada

Há tempos, não me enxergava assim...

Senti o doce no meu paladar,

Não senti mais a podridão.

***

Vem aqui

Sacrossanta ebúrnea poetisa

Senta-te ao lado meu

A beira do nosso mítico regato

E me fala tranquilamente

O que tu sentes agora

***

Seria mentira dizer que me sinto bem

Há fragmentos na alma que me machucam

Tenho calma, com o tempo vou removê-los

Tempo, é o que preciso p’ra recomeçar.

***

Reconheço-te arcangélica

E dulcíssima e tão tranquila

E cheia de paz a beira

De um límpido rio claro

***

Hoje reconheço, foi preciso, morrer um dia por vez…

Enxuguei as minhas doloridas lágrimas

E renasci novamente.

Não nego, ainda machucada e eu sangro…

***

Não chores assim

Liberta-te de todas

As tuas seculares dores

***

Hoje sou uma nova mulher liberta.

Liberta de ilusão do cárcere da morte

Precisei morrer p’ra viver, e recomeçar...!

(Fabiane Braga Lima e Samuel da Costa)

 

 

Encarcerados ( in a perpetual dreams)

 

Escrevo, mas não p’ra satisfazer meu ego

Estudo almas, então escrevo p’ra aliviar

Carrego em minh’alma dores e gemidos

Gritos eloquentes, vozes que não se calam.

***

Eu em descompasso

Com o tempo presente

Componho para mim

E para os outros

Negras linhas

Em páginas em branco

***

Há quem pense que enlouqueci, mas não

Cansa-me todo este fardo no qual carrego

Madrugadas são amenas, a lua me acalma

Descarrego todo grito contido por dentro.

***

Prima-dona das belas-letras

Eu componho a minha verve

Na tela que é vívida

No corpo incorpóreo nu

Postado no além dos astros mortos

Minha ebúrnea maestrina imortal

Poetisa que repousa

Absoluta em um rio claro

De límpidas águas tranquilas 

***

Escrevo fugaz, poemas de amor e paixões

Pode ser o inconsciente, ou apenas sonhos

Mas preciso gritar em versos! Descarregar!

***

Compunha livres versos

Atemporais, bela-donna minha

Que os cósmicos ventos solares

Espraiem ad aeternum

Os teus ardentes estribilhos

***

Doí a carne, atravesso os mundos paralelos

Fortifico-me, clamo pelos encarcerados

Ajoelho, oro, e dou voz a estranha insanidade.

(Fabiane Braga Lima e Samuel da Costa)

 

 

Tecituras astrais (réquiem aeternam)

 

Na solidão da noite, nada nos restou

Somente este mistério instigante

Amarra-me ao teu corpo despido

Hoje sou a vítima da tua eloquência

Sombrio! Tu apeteces das minhas nudes...

***

Alva! Do que realmente me apetece

Na negra nebulosa noite sem fim

O que acomete abissalmente 

É ter a voraz fome

E a insaciável sede de ti

Dos divinais celestes

 Toques teus

A beira do álgido abismo alvaresiano  

***

Conduz-me aos mistérios complexos

Leva-me a heresia, acalma o meu sexo

Já não existe palidez no meu corpo

Nem dor que afligia meu coração...

***

Alva! Se se entregue por complexo

E somente para mim

E mais ninguém 

Alva! Ousamos nos amar

Antes que o mundo acabe

***

A tua sedenta língua passei

Pelo meu corpo celeste infindo.

Como serpente pecaminosa que sou.

O teu fruto proibido

Na solidão da noite, insana,

Sou somente tua

***

Alva! Quero a tua boca faminta

A explorar o labiríntico

 Corpo incorpóreo meu

***

Beije com audácia, suga meus seios

Com prazer. Hoje, espero, me aqueça

Faça-me refém dos teus delírios…..!

(Fabiane Braga Lima e Samuel da Costa)

  

 

Nós dois (entre complexos atos e entre sibilinos gestos)

 

Ninguém sabia, mas havia muito tempo

Em que a garota não sonhava em vão

Ela se refez não vivia mais de lamentos

Removeu todos os nanos-estilhaços

Do seu coração.

***

Dos nossos notívagos estribilhos

Dos nossos nevoentas estros

Saudamos com um evoé

 Os nossos novos eu’s

Mais puros e mais conscientes

***

Do meu jeito, esperançosa

E me reinventava

Em cada gesto mais complexo

Em cada ato mais simples 

Nunca procurei um amor,

Eu soube esperar

Era calada, tímida, vejam só! Me superei....

Aparentava ser sombria, não era alegria.

***

Renova-te em cada sibilino gesto

Em cada abstrato estro

E vem hialina nubente

Ao encontro meu

Tão pura... Tão bela

Tão minha

***

Lembro-me, do teu coração que transbordava

De tantos sentimentos bons

De tanto amor puro, sua única sina era lutar...

Mas ela nunca desistiu, sempre atrevida.

***

És tu, a minha divinal poetisa

A minha ebúrnea prima-donna

Mais-que-perfeita

Flanando entre as eviternas

Estrelas da noite

***

Hoje, adulta e mais consciente, eu sei viver.........

Jamais perdi a minha crença. Mas o destino,

Cessou a fábula, conheceu o grande amor...!

De menina mulher adulta

(Fabiane Braga Lima e Samuel da Costa)

 

Fabiane Braga Lima é poetisa em Rio claro S.P

Contato: bragalimafabiane@gmail.com

Samuel da Costa é poeta em Itajaí SC

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

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