Sociedade Versus Mulher Preta
Quando nova eu me questionava por que não tinha
nascido homem. Não pela possibilidade de fazer xixi em pé, mas sim pelos
privilégios que o homem sempre teve. Eu achava que a vida do homem era fácil.
Primeiro que a gente ouvia constantemente que "isso é coisa de
macho" e a sociedade negava à mulher o direito de ser independente. Menina usa saia, menina não usa calça já diziam as tias logo que a gente começava a
entender algumas palavras.
E se parar para pensar a sociedade não impõe
regras ao homem. O tempo todo a gente é julgada e as exigências são inúmeras.
Se for mulher preta, piorou mais ainda!
A sociedade só falta dizer pra gente voltar para a senzala. Até mesmo
porque nós não somos o tipo de padrão que a sociedade idealizou a vida inteira.
Parando pra pensar a sociedade comprou a ideia das princesas dos contos de
fadas. E como preta não tem cabelo liso e nem pele branca feito a neve, somos
tudo menos princesa.
Avaliando bem, a sociedade é machista, fruto de
uma falsa democracia. E a gente na escola era obrigada a cantar o Hino
Nacional. Aff, anatomia humana, a gente era os macacos e os brancos os seres
humanos! Para nossa ironia, a gente não podia discordar do preconceito. Afinal
de contas, a gente não era princesinha e sim plebeia.
Eu ainda tinha ténis nos pés e um bom casaco
para vestir no inverno. Imagina as senhoras de cabelos grisalhos da nossa
família como era a vida delas! A minha mãe dizia que só tinha um chinelo, o
saco de pão era o seu caderno escolar. Igualdade social nota zero, democracia
como sempre pura utopia!
O que diriam elas nos dias de hoje com tantos
acontecimentos? Isso não é coisa de Deus? Somos tantas mulheres agredidas e
humilhadas pela sociedade. Quando não somos mulheres exóticas somos objetos
sexuais. Ainda há quem diga que somos morenas ou mulatas. O preconceito é forte
e tentam alienar as nossas mentes dizendo que racismo não existe.
Seja
na favela ou nos centros urbanos, a mulher preta sempre vai ter que provar o
seu valor, desmistificar todos os estereótipos dados a ela.
Clarisse
da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu em Santa Catarina.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
Negritude: Resistência e Luta
Parece que teremos ainda que conviver com o
racismo por mais séculos. Enquanto ficamos no nosso mundinho sem se quer um
gesto de atitude isso não incomoda a ninguém. Mas como muitos de nós fazemos a
diferença é motivo de repulsa e preconceito. A existência do negro para muitos é
inaceitável.
O negro cresce com difícil luta de ser aceito
ou pelo menos ser respeitado. O nagô do negro perpetua o quão difícil é
existir. A mulher negra pode confirmar
isto. Dantes a sua condição era de serva dos "brancos da elite",
aqueles que tinham dinheiro e achavam indigno cuidar de seus filhos, se limparem
sozinho ou até mesmo abrir uma porta.
Quando falamos de negritude, falamos de luta e
resistência. As dificuldades no mercado de trabalho, as dificuldades em ser
aceito pela sociedade... Todo o seu contexto histórico é marcado pela sua
condição de escravismo.
No Brasil a escravidão teve início com a
produção da cana de açúcar na primeira metade do século XVI com o sequestro de
homens e mulheres vindos da África, foram trazidos pelos portugueses. Surge a
partir daí a prática de sequestro. E com isto a ideia de propriedade privada no
Brasil.
No ano 1850 não era possível hipotecar um lote
de terra no Brasil, mas hipotecar um escravo era possível. O que não deixa de
ser uma ironia. O negro não passava de uma propriedade de seus senhores.
Mesmo depois de séculos o negro é visto como um
ser inferior. Parece que criamos um mundo particular nosso e o restante da
população o seu. Mas bem sabemos que a vida do negro foi moldada pela
"elite branca" essa história todos bem conhecem.
Clarisse
da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu em Santa Catarina.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
Noite
de Chuva
Dormir
Com o
cair da chuva,
O
cheiro de terra molhada
Invadindo
o quarto,
Traz
aquela saudade
De
estar perto
De
alguém.
De
sentir o calor do corpo
Através
de abraços
E
nesse aconchego
Sentir
o coração pulsar
Por
mim.
Como
pode isso,
Sentir
saudades de
Algo
tão ausente?
Clarisse
da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu em Santa Catarina.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
Laço
de Amor
Talvez
você pense,
Repense
E
deixe o medo
Entrar
pela porta mesmo assim,
Mas a
vida estará ali
Sempre
à sua espera.
***
A vida
é como
Um
sopro de vento
Que
leva sorrisos e dores;
Que abraça
sonhos
E
formas laços.
E você
entre os saberes,
Momentos
e sabores
Só tem
um dever com sigo,
Formar
um laço de amor
Com
você,
Um
laço rosa.
Se
tocar e entender
Que um
toque salva,
Assim
como o abraço
Que
acolhe.
***
Abrir
a janela e se permitir
Para a
vida,
Não é
abrir para a morte
E
ficar ali esperando,
É se
pôr a viver.
Deixe
que as rosas
De
outubro
Floresçam
em você.
Clarisse
da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu em Santa Catarina.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário