segunda-feira, 1 de novembro de 2021

CLARISSE DA COSTA ENTRE PROSAS E VERSOS

Não espere a sensibilidade de um homem

Não espere a sensibilidade de um homem, às vezes tudo que você vai encontrar é um coração vazio entre corpos e seus desejos. Deixe que ele morra no seu paradoxo de afirmações masculinas. Ser ou não ser macho, eis a questão. - O ser macho não é sensível.

Talvez para alguns homens ter sensibilidade é mostrar o seu outro lado, quem sabe o lado mais humano. Mas só que nessa falta de sensibilidade quem paga o preço é a mulher. Para alguns somos apenas corpos. Para outros não dá pra sabermos quem somos.

A sociedade cria o homem dominante e dá para ele a educação machista. Não chore meu filho, você já é um homenzinho, seja forte. —Dizem os seus pais. O homem cresce se achando superior a mulher. Nasce uma flor no seu quintal e ele não dá nem importância.

E para a mulher ele dá rótulos. Está tão habituado enxergar a mulher como objeto que fica difícil saber se saberia amar uma de verdade, com paixão e intensidade. 

Eu posso está enganada, mas acho que o que falta para alguns homens é coragem para se entregar, para amar e fazer o correto.

Clarisse da Costa é artesã, cronista e poetisa em Biguaçu Santa Catarina Contato: clarissedacosta81@gmail.com

 

Único Amor

Hoje tudo que eu posso amar

se resume em versos,

nos pingos da chuva de setembro,

no brilho que fica nas flores

e no cheiro de terra molhada.

Eu nem percebo o tempo,

o fim de tarde chegando…

Parece que a vida para,

fica ali como uma fotografia.

O sorriso bobo que com motivos

ou sem motivos se libertou

sem importar com nada.

O olhar que perdeu o foco

vendo alguém passar.

A vida surpreende.

O vento bate forte na parede.

Os sonhos surgem a noite.

A razão sempre entra em conflito

com o coração.

Não dá para viver o tempo todo

nas emoções, às vezes precisamos

usar da racionalidade.

Clarisse da Costa é artesã, cronista e poetisa em Biguaçu Santa Catarina Contato: clarissedacosta81@gmail.com

 

Maria Firmina dos Reis

Por Clarisse da Costa

Ao longo do tempo procurando saber mais sobre nossas origens descobrimos que não sabemos nem a metade de nossa história e por fim acabamos descobrindo muito mais coisas sobre nós negros. Por muitas vezes escrevi sobre Maria Firmina dos Reis e não pensei que agora fosse encontrar particularidades sobre ela. Uma mulher guerreira que tanto fez pelo seu povo na época da escravatura.

Lendo alguns artigos, pesquisando aqui e ali veio até a minha pessoa a fascinante história do primeiro romance brasileiro escrito por ela, contrariando o sistema machista deste país. Como se não bastasse isso contrariando o sistema racista.

Lançado em 1859, Úrsula é uma obra escrita por Maria Firmina dos Reis. Uma revolução para a literatura brasileira naquela época. Esta obra também é considerada o primeiro romance abolicionista no Brasil.

Esse romance, conta com uma história de amor ultrarromântica de Úrsula e Tancredo. O livro é considerado uma obra polêmica, pois traz uma narrativa onde tem como tese a falta de um romance negro. A narrativa traz um ponto de vista interno sobre a escravidão.

Em seu relato de vida sobre a escravidão Maria Firmina diz:  — Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos e de falta absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida passamos nessa sepultura até que abordamos as praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão, fomos amarrados em pé e, para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como animais ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa.

Maria Firmina dos Reis, Úrsula, fora filha de mãe branca e pai negro, nascida em São Luís no dia 11 de agosto de 1860 no estado de Maranhão. Na sua escrita havia uma particularidade, os escravos eram sempre nobres e generosos. Provavelmente um desejo imenso por igualdade.

Mas sua genialidade não parou na escrita, ela foi a primeira mulher aprovada em um concurso público no Maranhão.  Não pensem que foi fácil para ela, afinal de contas Maria Firmina era mulher negra. Por vezes passou pelo silenciamento de sua obra. Houve um período que sua obra ficou esquecida por décadas sendo recuperada em 1962.

Clarisse da Costa é artesã, cronista e poetisa em Biguaçu Santa Catarina Contato: clarissedacosta81@gmail.com

 

Amor, Expectativas e Entrega

Ao longo da vida a gente sempre vai ouvindo que amor não dói, como se tivesse uma receita mágica para isso não acontecer. Realmente, amor não é dor, o que dói são as nossas expectativas, os planos que fazemos, a dedicação que temos, a nossa total entrega. A gente deixa de caminhar para novos rumos e fica preso, como velhas recordações na gaveta.

Eu fiquei pensando como é difícil de se desligar de um sentimento que criou raízes no peito. O questionamento que fica é se existe uma solução para isso. Acho que talvez o tempo. Porque com o passar dos dias novas coisas vão acontecendo, nossos pensamentos vão se direcionando para outros objetivos e tudo vai ficando de forma clara.

Uma senhora certa vez me disse que amar nunca foi fácil, mas em relação à hoje, as mulheres têm a liberdade para decidir se ficam sozinhas ou não. Ela chegou a me dizer que no seu tempo os casamentos eram arranjados, poucos relacionamentos aconteciam de forma natural. Alguns eram proibidos, então se fazia o uso de cartas e bilhetes para marcarem os encontros.

Por fim, o amor resiste ao passar tempo quando é amor de verdade - assim me disse. Não é como os dias atuais, muitos relacionamentos são instantâneos. Quando se percebe o armário mudou de lugar. De repente é primavera e surgem novas paixões. Não se manda mais cartas, apenas mensagens curtas por aplicativos.

Clarisse da Costa é artesã, cronista e poetisa em Biguaçu Santa Catarina Contato: clarissedacosta81@gmail.com

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