segunda-feira, 1 de novembro de 2021

SUSTENTADOS NO AR POR NEGRAS, AS FRACAS


Entre o silêncio e a ausência

Para a poetisa Fabiane Braga Lima

 

‘’Retoquei a minha vida achei forças

E alicerces em lugares que eu não conheço

Fiz que o amor brilhasse

Restaurando a nossa inocência

Impulsionando o nosso puro amor’’

Patrícia Raphael

 

Entre as cósmicas ausências infinitas

De coisas que estão eternamente

 Suspensas no ar por asas fracas

***

 Entre múltiplos silêncios

Vem tu a ter comigo

 Tarde da noite

Vens bater na minha porta supra irreal

Para me lembrar que eu infanta nectárea

Criança da lua noctâmbula

Estou indo do nada rumo para lugar algum

Que vivo na segurança mais que tranquila

 Em uma torre de marfim

***

Entre as negras ausências abstratas

De coisas ordinárias quais queres

Suspensas no ar

Por débeis negras asas fracas

***

Toma já apressado um expresso oriente

Nagoya e Amsterdam

Pequim e Paris

Esvaeça daqui negro aedo neo-simbolista 

Visite o Topkapi agora

***

Entre as lânguidas ausências surreais 

Aos sabores venais de sons crepusculares

De finos e hialinos cristais sendo triturados

 Por tirânicas negras asas fracas

***

Toma um expresso ocidente/oriente

Paris e Texas

Xangai e Boca raton

Bangkok e Londres

Esvaeça daqui poeta de ébano

(Clarisse Crista e Samuel da Costa)

 

Unilateral

Para a poetisa Patrícia Raphael

 

‘’Então envelheces o teu corpo

No abismo que cavaste,

Todas as cinzas devem

Está lá.’’

Clarisse da Costa

 

O ser ambíguo à meia luz

Da pós-modernidade fluida

O ser andrógeno unilateral

Que em completo silêncio se esgueira

Por ali e aqui

Por lá e por acolá

Na completa escuridão

***

Ser a última de todas e todos 

 A ser lembrada

Para depois ser a irreal naufraga

A primeira a ser

 Totalmente abandonada

Em mar aberto

***

Veio aquele sentimento vago

Difuso e confuso

Que cai de alturas impossíveis

Em perdidas negras horas

Ver-te edílica

Ver-te exílica

Afogada em um vasto oceano

De neuróticas dores 

Inundada de incolores cristalinas lágrimas

***

Visto as minhas vaporosas negras vestes

Diante do espelho convexo  

Em um ato unilateral

Um gesto que só me pertence

Que é somente meu

E não é teu

***

Diante do espelho concavo

Dispo as minhas diáfanas vestes negras

Em horas estáticas e aéreas

Diante de completos estranhos

Gente quasímoda que nunca vi

E mais verei  

***

Digo que não te conheço

Que nunca te vi

E finjo que não te quero

Que nunca li os eufônicos estros teus

Digo que não te quero

Somente para tu me querer 

***

Escuta ao longe o lânguido fado meu 

Os meus estribilhos sintéticos

Os meus semitons agudos

E disléxicos

Sou eu não sendo eu

Sou eu tentando ser

Uma outra pessoa qualquer 

***

Declaro a ti que memorizei

No meu palácio das memórias perdidas

O árduo caminho que percorri até ti

Declaro somente a ti que memorizei

Os gostos dos teus sintécticos beijos

Os sabores dos teus estéreos

Sorrisos artificiais

***

Claro que te desconheço

Que não te quero

Que nunca quis

Ficar ao lado teu 

(Clarisse Cristal e Samuel da Costa)

 

The User (Pine Beach)  

 

Dá-me a tua mão

Caminhes comigo

E vamos sentir irmanados 

O ardor das ebúrneas areias

Debaixo dos nossos pés

***

Is this our time?

I don't believe! It's not that it's!

***

Eco no ar

O sacrossanto sabor

De um docilíssimo beijo teu

***

Eco no ar

Um sentimento benfazejo

Do nós dois irmanados

Em perdidas horas impossíveis

***

This is our true magic black hour!

My ebony love...

My dear... My lover!!!

***

Dá-me a tua delicada mão

Caminhamos juntos

E vamos nós perder

E se encontrar

Nas das ebúrneas areias

De uma praia desértica

     (Samuel da Costa e Clarisse Cristal)

 

Autumn (I am the aerial river)

 

Ao aedo de ébano

Que me abraça

E me acolhe

Na minha negra hora

No meu tempo que é atemporal

Na turris eburnea

***

Ela dança  

A doidivanas dança freneticamente

Como se livre fosse

***

Ela dança e gira

E gira

 Com a força descomunal

 Das águas selvagens

Que caem do rio aéreo

***

Ao poeta de ébano

Que me abraça docemente 

E me acolhe divinalmente

Em tenebrosas horas

Deixo aqui o meu testemunho

Tudo que há de melhor

Dentro de mim 

(Samuel da Costa e Clarisse Cristal)

 

 

Em dias de todos os santos, em dias de todos os reis

 

Há de se reverenciar

Todas as cósmicas divindades

Todos os santos

Postados

Em todos os altares celestes

De todas as realidades relativas

***

Há de se reverenciar

Todas as rainhas

E todos os reis

Todos os soberanos

E soberanas

Destronados e vencidos

De todas as guerras

De todos os tempos atemporais 

***

Há de se caminhas livremente

 Pelas ruas dissolutas 

Em dias de sol e calor

***

Há de se procurar

Abrigo mais que seguro

Em noites de tempestades e frio

  (Samuel da Costa e Clarisse Cristal) 

 

Sleepover

In a cold glass of jazz

 I will drink poetry

***

Fico eu acordado

Até mais tarde

Sonhando com aquilo

Que nunca terei

***

In a hot glass of blues  

I will drink some poetry

***

Fico eu absoluto

Acordado até mais tarde

Sonhando com aquilo

Que nunca serei

***

On the catholic radio station

Two slum poets

Fought for nothing

(Samuel da Costa e Clarisse Cristal)

 

O teatro da segunda-feira

Para a atriz Sabrina Viana

 

This is my black-power 

That is my black-power 

Don't be afraid my dearling

***

Eu sendo a prima donna de ébano

No teatro mágico

No teatro intimo

Todas as segundas-feiras

***

This is my black-power 

That is my black-power 

Don't be afraid my friend

But I am beatifull black person

***

Sou eu a negra imperatriz

Do trágico e da cômico 

Da comédia e da tragédia

A atriz principal

No teatro de alumínio

No teatro estático

No teatro reflexivo

***

I am the black woman who get up

I am the main actress

(Samuel da Costa e Clarisse Cristal)


Clarisse Cristal é poetisa e bibliotecária, em Balneário e Camboriú,SC.

Samuel da Costa é poeta e funcionário público, em Itajaí, SC.

 Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

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