Entre o silêncio e a ausência
Para a poetisa Fabiane Braga Lima
‘’Retoquei a minha vida achei forças
E alicerces em lugares que eu não conheço
Fiz que o amor brilhasse
Restaurando a nossa inocência
Impulsionando o nosso puro amor’’
Patrícia Raphael
Entre as cósmicas ausências infinitas
De coisas que estão eternamente
Suspensas no ar por asas fracas
***
Entre
múltiplos silêncios
Vem tu a ter comigo
Tarde da noite
Vens bater na minha porta supra irreal
Para me lembrar que eu infanta nectárea
Criança da lua noctâmbula
Estou indo do nada rumo para lugar algum
Que vivo na segurança mais que tranquila
Em
uma torre de marfim
***
Entre as negras ausências abstratas
De coisas ordinárias quais queres
Suspensas no ar
Por débeis negras asas fracas
***
Toma já apressado um expresso oriente
Nagoya e Amsterdam
Pequim e Paris
Esvaeça daqui negro aedo
neo-simbolista
Visite o Topkapi agora
***
Entre as lânguidas ausências surreais
Aos sabores venais de sons crepusculares
De finos e hialinos cristais sendo
triturados
Por
tirânicas negras asas fracas
***
Toma um expresso ocidente/oriente
Paris e Texas
Xangai e Boca raton
Bangkok e Londres
Esvaeça daqui poeta de ébano
(Clarisse Crista e Samuel da Costa)
Unilateral
Para a poetisa Patrícia Raphael
‘’Então envelheces o teu corpo
No abismo que cavaste,
Todas as cinzas devem
Está lá.’’
Clarisse da Costa
O ser ambíguo à meia luz
Da pós-modernidade fluida
O ser andrógeno unilateral
Que em completo silêncio se esgueira
Por ali e aqui
Por lá e por acolá
Na completa escuridão
***
Ser a última de todas e todos
A
ser lembrada
Para depois ser a irreal naufraga
A primeira a ser
Totalmente abandonada
Em mar aberto
***
Veio aquele sentimento vago
Difuso e confuso
Que cai de alturas impossíveis
Em perdidas negras horas
Ver-te edílica
Ver-te exílica
Afogada em um vasto oceano
De neuróticas dores
Inundada de incolores cristalinas lágrimas
***
Visto as minhas vaporosas negras vestes
Diante do espelho convexo
Em um ato unilateral
Um gesto que só me pertence
Que é somente meu
E não é teu
***
Diante do espelho concavo
Dispo as minhas diáfanas vestes negras
Em horas estáticas e aéreas
Diante de completos estranhos
Gente quasímoda que nunca vi
E mais verei
***
Digo que não te conheço
Que nunca te vi
E finjo que não te quero
Que nunca li os eufônicos estros teus
Digo que não te quero
Somente para tu me querer
***
Escuta ao longe o lânguido fado meu
Os meus estribilhos sintéticos
Os meus semitons agudos
E disléxicos
Sou eu não sendo eu
Sou eu tentando ser
Uma outra pessoa qualquer
***
Declaro a ti que memorizei
No meu palácio das memórias perdidas
O árduo caminho que percorri até ti
Declaro somente a ti que memorizei
Os gostos dos teus sintécticos beijos
Os sabores dos teus estéreos
Sorrisos artificiais
***
Claro que te desconheço
Que não te quero
Que nunca quis
Ficar ao lado teu
(Clarisse Cristal e Samuel da Costa)
The
User (Pine Beach)
Dá-me a tua mão
Caminhes comigo
E vamos sentir irmanados
O ardor das ebúrneas areias
Debaixo dos nossos pés
***
Is
this our time?
I
don't believe! It's not that it's!
***
Eco no
ar
O sacrossanto sabor
De um docilíssimo beijo teu
***
Eco no ar
Um sentimento benfazejo
Do nós dois irmanados
Em perdidas horas impossíveis
***
This
is our true magic black hour!
My
ebony love...
My
dear... My
lover!!!
***
Dá-me a tua delicada mão
Caminhamos juntos
E vamos nós perder
E se encontrar
Nas das ebúrneas areias
De uma praia desértica
(Samuel da Costa e Clarisse Cristal)
Autumn
(I am the aerial river)
Ao aedo de ébano
Que me abraça
E me acolhe
Na minha negra hora
No meu tempo que é atemporal
Na turris eburnea
***
Ela dança
A doidivanas dança freneticamente
Como se livre fosse
***
Ela dança e gira
E gira
Com
a força descomunal
Das
águas selvagens
Que caem do rio aéreo
***
Ao poeta de ébano
Que me abraça docemente
E me acolhe divinalmente
Em tenebrosas horas
Deixo aqui o meu testemunho
Tudo que há de melhor
Dentro de mim
(Samuel da Costa e Clarisse Cristal)
Em dias de todos os santos, em
dias de todos os reis
Há de se reverenciar
Todas as cósmicas divindades
Todos os santos
Postados
Em todos os altares celestes
De todas as realidades relativas
***
Há de se reverenciar
Todas as rainhas
E todos os reis
Todos os soberanos
E soberanas
Destronados e vencidos
De todas as guerras
De todos os tempos atemporais
***
Há de se caminhas livremente
Pelas ruas dissolutas
Em dias de sol e calor
***
Há de se procurar
Abrigo mais que seguro
Em noites de tempestades e frio
(Samuel da Costa e Clarisse Cristal)
Sleepover
In a
cold glass of jazz
I will drink poetry
***
Fico eu acordado
Até mais tarde
Sonhando com aquilo
Que
nunca terei
***
In a
hot glass of blues
I will
drink some poetry
***
Fico eu absoluto
Acordado até mais tarde
Sonhando com aquilo
Que nunca serei
***
On the
catholic radio station
Two slum
poets
Fought for nothing
(Samuel da Costa e Clarisse Cristal)
O teatro da segunda-feira
Para a atriz Sabrina Viana
This
is my black-power
That
is my black-power
Don't
be afraid my dearling
***
Eu sendo a prima donna de ébano
No teatro mágico
No teatro intimo
Todas
as segundas-feiras
***
This
is my black-power
That
is my black-power
Don't
be afraid my friend
But I
am beatifull black person
***
Sou eu a negra imperatriz
Do trágico e da cômico
Da comédia e da tragédia
A atriz principal
No teatro de alumínio
No teatro estático
No
teatro reflexivo
***
I am
the black woman who get up
I am the main actress
(Samuel da Costa e Clarisse Cristal)
Clarisse
Cristal é poetisa e bibliotecária, em Balneário e Camboriú,SC.
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