Por Leandro Bertoldo Silva (Padre Paraíso, MG)
Essa é uma pergunta recorrente
hoje em dia. Como não estou sozinho nesse ofício — muito antes pelo contrário e
ainda bem, tamanha a quantidade de pessoas boas a compartilhar dessa paixão —
fui atrás de alguns dados que pudessem sustentar a importância desse trabalho e
responder a essa pergunta.
Todos os seres vivos se
comunicam de alguma forma, mas somente os seres humanos possuem o que chamamos
linguagem, podendo essa chegar há mais de 50.000 anos. O que iniciou com uma
linguagem gestual, evoluiu para a fala e depois para a escrita.
Mas você sabia que a atual
geração está lentamente perdendo essa capacidade?
Está certo, tudo evolui! Hoje
existem automóveis e não mais carros puxados a cavalo; não é mais preciso
acender lampiões, basta acionar o interruptor de luz, ou mesmo a Alexa. A
tecnologia está aí para melhorar tudo, não é isso?
Então… precisamos conversar!
Com a era digital, a maioria
das pessoas, principalmente os jovens, está perdendo o conhecimento de regras
básicas de escrita. O problema não seria tão sério se esses conhecimentos, cada
vez mais atrofiados, segundo estudos da Universidade de Stavanger, na Noruega,
apontar que 40% vêm perdendo a fluência na caligrafia.
Só isso?!
Não! Além da caligrafia
ilegível, do desconforto físico cada vez maior em escrever à mão, as pessoas
estão possuindo pouca familiaridade para elaborar ideias mais complexas em
textos e sequer conseguem construir frases coerentes e parágrafos significativos.
Ah, então você está a dizer
que devemos abandonar a tecnologia e voltarmos aos tempos das pinturas
rupestres?
É claro que não! A tecnologia
é algo presente e é benéfica nas nossas vidas, veio para ficar e somente um
louco a ignorá-la. Inclusive, ela é de muito auxílio a pessoas com algum tipo
de limitação motora nesse campo mesmo da própria escrita e em outras atividades.
O problema é quando fazemos uso abusivo dela sem necessidade justificável,
tornando-a o único caminho e privando-nos de nós mesmos. Não é por acaso que
especialistas (nem precisava ser) defendem e essencialidade de reservar um
tempo para a prática da escrita à mão sempre que possível, alternando-a com a
digital. Essa simples atitude pode nos salvar da extinção motivada pela
preguiça cada vez maior de simplesmente “pensar”.
“Pensar para que se a IA faz
isso para nós”?
Bem, a Inteligência Artificial
até pode resolver também esse problema cognitivo, mas a custo de ver perder
algo que nos acompanha há milhares de anos: a nossa própria capacidade humana
de criar, de nos comunicarmos e existirmos. É isso que queremos?
Deixo aqui essa pergunta, mas
quero dizer o seguinte: sou um defensor da tecnologia. A utilizo, e muito, em
meus trabalhos, inclusive na encadernação. Onde vocês acham que faço os meus
projetos, desenhos de cadernos e livros? Estamos aqui neste blog, não estamos?
Também possuo redes sociais…
Apenas defendo a possibilidade
de caminharmos de mãos dadas com todos os recursos tecnológicos, sem perder a
nossa condição de ser gente, a nossa habilidade de pensar, de sentir, por nós
mesmos, o mundo maravilhoso que nos cerca.
E como é bom registrá-lo não
apenas em selfie… podemos fazer isso em algo saído de nós, com a nossa
individualidade e personalidade. E isso a escrita à mão nos proporciona. Dúvida?
Experimente!
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