sábado, 1 de fevereiro de 2025

Opera Mundi sexta parte: Goodbye dreamland... back to the vigil world!!!

Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)

 

‘’Entre janelas abertas

E outras fechadas,

Em tons obscuros

Ninguém quer se machucar.

Suponho que todo mundo

Quer dar risadas

Sem ter hora para acabar...’’

Clarisse da Costa

 

             Ao pender do céu e tocar o alto da Turris Ebúrnea, Luna Dark caminhou triunfante ao passar pelo portal da entrada do salão principal da câmara ardente. A semideusa parou e escaneou cada canto e recanto da Igreja ebúrnea, o outro nome dado a Turris Ebúrnea. Luna Dark não sentiu um vestígio da presença do vate Yendel, nem uma centelha sequer, no Palácio das Memórias Perdidas, o outro dado nome Turris Ebúrnea, estava vazia.

            E antes de prosseguir, a sonhadora em vigília, sentiu uma brisa gélida, então olhou para trás e reviu a enlouquecida Ismália, em prantos, se atirando do alto da torre. A semideusa, fechou os olhos e bloqueou a mente, pois não queria vê-la novamente se banhar em luar, ao descer ao mar e vê-la criar celestiais asas e subir aos céus. E ao adentrar um pouco mais na câmara ardente, Luna decidiu se elevar e flanar. Ela não queria tocar o chão, ela não queria ativar alguma sentinela robô Erbore, mesmo a semideusa tendo a completa certeza de ali não ter nenhuma sentinela.

         Luna Dark adentrou triunfante, na completa escuridão do amplo corredor da Turris Ebúrnea, a afra rainha viu os grandiosos místicos espelhos da verdade Dorian Gray, postados ao longo do corredor. A Luna Dark, a afra rainha, a semideusa, não tinha tempo a perder, ela não queria ver o que havia no seu âmago, no seu interior. Luna Dark, quebrou todos os espelhos, conforme avançava no negro cósmico do amplo corredor, que seria a antessala do salão principal da magnificente Turris Ebúrnea. Os místicos espelhos da verdade Dorian Gray explodiram e, um a um, se evanesceram em finos nanos-pedaços dos vidros quebrados, que trespassaram Luna Dark, como se ela não existisse, como se ela não estivesse ali.

            Ao chegar no salão principal, a semideusa tocou ao chão e percebeu que estava plena, completa e mais uma vez vasculhou cada nano centímetro, e lá estavam as centelhas, da presença do vate Yendel. As centelhas, se expandiram mais e mais, eram sons amenos de cítolas, cítaras e cravos, irmanados dançavam felizes os dois, o vate Yendel e a fada de ébano Luna, em meio aos convidados em um baile de máscaras. Apesar das máscaras, a afra rainha Luna Dark, reconheceu cada um dos convidados e das convidadas, ela reconheceu cada etnia debaixo das máscaras.

             Depois, um recital, Yendel com uma lira nas mãos, o vate recitava uma balada pós-moderna, Luna Dark era o texto recitado. Ao lado do vate, vestido com trajes típicos, um pintor dalit trabalhava em um esplendoroso quadro, em tamanho natural da negra rainha Luna Dark. A sonhadora em vigília, se voltou para trás e, se deliciou ao ver um bem alinhado, trajado à moda ocidental, um escultor tonga, ele em uma bancada trabalhando na madeira de ébano, era uma pequena estatueta. Era uma outra versão, uma versão diminuta da negra ninfa Luna Dark, em seu esplendor máximo. Depois de evoé foi bradado, dali a pouco o palco estaria aberto para o recital, solenemente anunciou o vate Yendel.

            Então as luzes se apagaram e Yendel anunciou o mergulho na sidérea escuridão, a peça teatral O rei de amarelo seria executada e os dois estavam sozinhos no salão principal, e as cortinas se abriram.

 E então, a sonhadora em vigília, retornou para a realidade em que se encontrava, Luna Dark, por fim encontrou o que tanto procurava, o vate Yendel nunca deixava a Turris Ebúrnea. O vate Yendel, nunca sobreviveria longe da Turris Ebúrnea. O negro coração da afra rainha, se encheu de horror com a ideia, de imaginar a consciência astral de vate, compactada e adormecida no mundo em vigília. A negra fada Luna Dark, fechou os olhos e viu a entrada da Turris Ebúrnea e as sentinelas robô Erbore, que foram ativadas por alguém ou algo. Naquela hora extrema, o óbvio para a afra rainha, seria voltar para o mundo em vigília, deixar a terra dos sonhos para nunca mais voltar! E reencontrar a centelha do Yendel, o vate cibernético.    

 

Fragmento do livro: Sustentada no ar por asas fracas, de Clarisse Cristal, poetisa, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Argumento de Samuel da Costa, poeta, contista e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

 

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