Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
(Para
a poetisa Clarisse da Costa)
O meu pensamento insano
e sedento,
Tornei-me refém desta
angústia,
Preciso do teu toque,
na minha loucura,
Posso senti-lo, me
toma, transbordo.
Permita-me ser toda
tua, heresia.
Então! Envolva-me sobre
o teu corpo,
Faça amor comigo, com
maestria.
Fabiane Braga Lima
Camilla extasiada, com os sabores dos vapores de hortelã, que subiram das
papilas gustativas e chegaram à mente, ela expeliu no ar uma densa nuvem verde
pela boca.
— Então, minha irmãzinha querida? O que tu achaste, da grande e pequena
Madalena? — Disse Camilla de forma pastosa.
— Irmãzinha? Sou a tua rainha Cacilda, ora essa! — Respondeu Cacilda em tom de
galhofa.
—
Mas ela se comporta, como se fosse uma garotinha assustada e perdida! —
Ponderou Camilla, sendo a racional das irmãs.
—
Não pude deixar de notar, a surpresinha escondida, que aliás é uma enorme
surpresa! E como tu, não parou de olhar e pensar na caixa de surpresas da
menina moça. — Falou a sonhadora Cacilda.
— Linda ela! Uma bela orientalzinha, com toda a certeza, minha irmã. — Disse a
faminta Camilla.
As irmãs, se entreolharam e deram sorrisos contidos, a Cacilda levou um
cigarro, importado do extremo oriente, até a boca e tragou e a sensação de
prazer extremo, a fez relaxar. Ela fechou bem os olhos, viu uma mesa ao longe
do tempo e do espaço. Sentados, estavam um casal, era um senhor teuto, alto
austero, de meia idade, de olhos verdes cálidos, bem-vestido de terno e gravata
italianos, nos pés um confortável sapato francês. Na outra ponta, estava uma
jovem mulher esquálida, de aparência, de uma meretriz barata, que pega no meio
no meio da rua e se leva para um beco escuro.
E o homem tirou do bolso, um pequeno pacote de plástico, com um pó branco
dentro. O homem, delicadamente, fez duas carreiras na mesa de vidro e tirou um
pequeno canudo de cristal, do bolso esquerdo do terno feito sob medida.
Não demorou muito tempo, para dois homens negros corpulentos, de ascendência
norte-africana, apareceram e olharam de forma severa, para o homem de meia
idade, um deles colocou, a mão no ombro do teuto e apontou para a porta de
saída. Constrangidos, o casal exótico se retirou discretamente, deixando para
trás o pó branco na mesa.
— Mana, pensei que este era um clube exclusivo! E não uma pocilga barata
qualquer — Falou a entediada Cacilda, ela levou o cigarro até o cinzeiro e
bateu no cigarro.
— Claro que é, ora essa! Os dois são amiguinhos do Otto, minha querida irmã!
Faz uma hora, que estes dois indivíduos foram expulsos do clube. O doutor Otto,
gosta de comprometer os seus aliados da ocasião. — Enfática declarou Camilla.
Cacilda, que estava vestida, com um diáfano penhoar transparente, com rendas
nos antebraços, usava meia calça arrastão transparente, uma lingerie vermelha,
ressaltando as curvas do corpo farto, nos delicados pés havia sandálias
japonesas tradicionais. No ombro esquerdo, estava tatuado com as palavras, em
fonte japonesa: ‘’O meu corpo me pertence! ’’. Na boca pequena, um batom
carmim cintilante, os longos e lisos cabelos platinados, que quedavam até a
cintura, emolduravam o belo rosto delicado de uma mulher. Com o seu corpo
incorpóreo, de pele amendoada bem tratada e o rímel ressaltava os olhos
castanhos rasgados. Ela levou um copo de Saquê Massú pequeno, até a boca, com
as pontas dos dedos das duas mãos, ela sorveu a bebida oriental, as mãos
tremiam.
— Então, tu queres uma noite, com a Madame Butterfly? — Perguntou Camilla à
irmã mais jovem com tom de deboche, e finalizou depois de uma breve pausa! —
Sua cretina!
— Então? As câmeras do Clube! Ainda estão transmitindo? — Perguntou
Cacilda, tentando desconversar.
— Otto! — Falou estarrecida Camilla!
— Ele pensa que está no controle! E antes que tu me perguntes, eles ainda não
chegaram. — Avisou Cacilda a irmã mais velha.
Camilla, a irmã mais jovem, usava um hobby floral cinza claro, que ia até os
joelhos, as flores de cerejeira Sakura, que decoravam o robe de seda, davam um
tom sedutor. E o cabelo negro, reluzente e volumoso, penteado para trás,
ressaltavam as maçãs do rosto, os intensos olhos negros, contornados por rimem
preto cintilante e na boca carnuda um batom azul escuro. Nos pés, vestiam
sandálias japonesas, ricamente decoradas de forma artesanal.
— Estão chegando, os dois, os gêmeos! — Falou Camilla e depois levou o bico do
narguilé até a boca, o aroma de hortelã, tomou conta do lugar quanto ela soltou
a fumaça no ar.
— Será que o conselho, vai gostar das nossas fotografias? — Perguntou Cacilda,
que tremeu ao proferir essas palavras e prosseguida tensa — E a infinitude?
Como será? Um dia vamos transcender?
Camilla, levou a mão à boca e pediu silêncio, semicerrou os olhos, levou a mão
ao copo de saquê e bebeu lentamente, aproveitando cada gota da bebida oriental.
As câmeras que as vigiavam do alto das paredes, pararam de funcionar.
— Chegaram! Estão perto e vê se acalma mulher! E quanto a Madalena, ela é
uma sonhadora, como uma vampira e sedenta como uma loba faminta, em noites de
lua cheia. Ela é uma típica criatura da noite, minha querida irmã. Deixamos a
futanari, para depois — A voz sedutora da Camilla, deixou a outra ainda mais
nervosa e excitada.
Dois homens altos, atléticos de ascendência germânica, adentraram no Hellfire
Club, pela porta da frente. Eram jovens e bronzeados, na casa dos vinte anos,
estavam vestidos como surfistas itinerantes. As irmãs, felizes, se
entreolharam, se levantaram de onde estava, caminharam, estavam a poucos metros
à frente dos dois irmãos gêmeos idênticos. A cada passo que davam, as câmeras
de vigilância se desligavam, assim como os monitores de vigilância externos,
que se desligavam, assim que minutos antes os dois homens se aproximavam da
porta da entrada do Hellfire Club.
O quarteto, passou ao largo de várias mesas, onde casais diversos e
improváveis, felizes se confraternizavam, o quarteto adentrou por um corredor
estreito e vazio. Luzes vermelhas, nas paredes de teto alto, deixavam o
corredor na semiescuridão. O quarteto passou por várias salas vazias e pararam
em uma sala vazia, ao final do corredor. No alto da sala privativa, estava
escrito em fonte bold amarelo luminescente: O quarto escuro do intenso
prazer. As irmãs, deram as mãos, caminharam e a porta abriu sozinha, os
dois irmãos entraram na sequência. A escuridão abissal tragou o quarteto.
Minutos depois o vai e vem, o sobe e desce dos corpos femininos nus, demoraram
um pouco, para se sincronizar o ritmo. E não demorou muito, para que o intenso
prazer, jorrarem dos corpos incorpóreos delas. Elas de mãos dadas apertadas, um
leve beijo entre as duas selaram a irmandade de ambas. A noite só estava
começando.
Fragmento do livro: Em
perpétuos ciclos, por Samuel da Costa, novelista, poeta e contista em Itajaí,
Santa Catarina.
Argumento de Clarisse Cristal,
bibliotecária, contista, novelista e poetisa em Balneário Camboriú, Santa
Catarina.
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