Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
‘’Palavras são insuficientes para descrever e resumir tudo que passei.
Mas, minha mente inquieta e acelerada ousa desvendar o passado,
Passado no qual nunca obtive respostas. Recordo-me de tudo. ’’
Fabiane Braga Lima
O
portentoso veleiro branco Bismark terceiro, estava ancorado em um paupérrimo
decadente deck de ancoragem, os passantes da avenida, estavam acostumados a
verem a luxuosa embarcação, complacentemente ancorada naquele lugar ermo.
Geralmente eram simples encarnações de pesca marítima, que ali se aportavam,
antes de partirem para as pescarias em alto mar. E o veleiro branco Bismark
terceiro, com frequência deixava o litoral, subia o grande rio e ali atracava,
para receber o seu proprietário Julius Karl Gross. O rico e discreto
financista, amava velejar pelo alto mar e odiava os ambientes das cidades
costeiras e evitava ao máximo permanecer nesses ambientes, que para ele eram
insalubres e liberais.
O que
também era frequente, ver e ouvir o casal Gross discutir, pois fazia isso em
público, antes de embarcar no veleiro, Margarida Buerger Gross, mulher pequena
e austera, parecei não gostar dessas aventuras marítimas, em alto mar. E
naquela manhã, no alvor outonal, enquanto a tripulação abastecia do veleiro
Bismark terceiro, o casal de meia idade, chegou em um carro último tipo, que
desembarcou com as suas poucas malas de viagens. Estavam mudos, nervosos e
visivelmente desconfortáveis, o senhor Gross carregava uma pequena maleta de
mão, para viagem, vestia um terno elegante, que geralmente usa quando estava em
grandes negociações ou em momentos críticos. Já Margarida Buerger Gross,
elegantemente vestida, trajava um vestido Ugo Boss, em tons de branco gelo e
amarelos claros. Não eram roupas para viagens marítimas, pelo menos não para
viagens longas, logo os olhos e ouvidos dos habitantes do lugarejo. Eles
deduziram que o casal de meia idade, não iria longe, estavam indo para a
capital possivelmente, sussurravam as línguas ligeiras. Então um jovem
marinheiro, apressadamente vai até o carro do casal e do porta-malas, tirando
duas pequenas malas de viagens. O casal Gross atravessou o precário deck de
madeira, os dois cumprimentam a pequena tripulação e uma escadaria desacopla do
estibordo da embarcação e rapidamente sobem a escadaria. Adentra a ponte de
comandando e vão se instalar na cabine privativa do casal Gross.
E uma
música alto brotou do veleiro, parecia sair da cabine privativa do casal Gross,
trespassava a ponte de comando do capitão e chegava na proa da embarcação à
vela. Um lamento negro em língua inglesa, Strange Fruit de Billie Holiday. Mas
afinal, quem eram Julius Karl Gross e Margarida Buerger Gross? Julius Karl
Gross, filho e neto de austríacos, suíços e alemães recentemente chegados
ao novo mundo. Ele nascido no novo mundo, ele um dinâmico homem de negócios bem
sucedido, poliglota, racionalista educado no velho mundo e integrado ao
ambiente em que nasceu. E Margarida Buerger Gross dividia a mesma origem do
marido, sendo uma mulher à frente do seu, fotografa, pintora e poetisa. Na
juventude, foi uma das primeiras mulheres a ter permissão para dirigir, a
pilotar, para espantos de muitos, era vista em bares e casas noturnas tomando
as suas cervejas e dançando. Assim como o marido, estudou na velha Europa e fez
breves viagens aos países do norte da América. Curiosamente, oriundos da mesma
região, o casal foi se conhecer em uma viagem ao continente negro, estavam
visitando as pirâmides do Egito.
Uma
discussão irrompeu na proa do veleiro, em rompante, de muitos que tiveram,
Margarida Buerger Gross desembarcou do Bismark terceiro adentra do veículo do
casal e parte para rumo desconhecido. E o veleiro abastecido,
***
Nota do dia
As
margens do lago Xokleng, a quietude das águas paradas e o silêncio sepulcral
repousava o corpo sem vida de uma mulher teuta de meia idade, ao lado do corpo
sem vida uma máquina fotográfica profissional. Lugar ermo, pouco frequentado, o
corpo sem vida foi encontrado pelo trabalhador do ramo madeiro Adélio dos
Santos. Santos relata que encontrou o corpo sem da mulher, que aparentemente
não demonstrava sofrer qualquer ato violento e que deveria ter morrido de
causas naturais. Inquérito sobre o que estava fazendo no lugar ermo, Santos
disse que estava a serviço da empresa de madeira em que trabalha. Se a
fotografia da mulher falecida.
Do Jornal a Tribuna da Tarde.
Fragmento
do livro: Do diário de uma louca, texto de Clarisse Cristal, poetisa, contista,
novelista e bibliotecária em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
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