Por Elisa Augusta de Andrade Farina (Teófilo Otoni, MG)
O século XXI caminha a passos
largos, em seu bojo as tecnologias vão cada vez mais se aprimorando. A era da
informação dos multimeios é a realidade que leva as pessoas a procurarem se
informar a seu respeito. Por mais incrível que pareça, nunca tivemos uma
situação tão caótica na comunicação
interpessoal.
O que se falava “face a face”,
hoje se clica na Internet, sem o famoso “olho no olho”, uma verdadeira
simulação de sentimentos, ocultando a verdade que hoje é quimera dos
“sentimentalóides” (aqueles que prezam a ética e a boa convivência).
Os relacionamentos vão de mal
a pior entre homem e mulher, silêncio doloroso e persistente entre pais e
filhos, clima pesado entre alunos e professores. Todos nós desastrados, ora
tolhidos, ora dissimulados e, na maior parte do tempo, mentindo uns aos outros.
Estamos assistindo impassíveis à agonia da verdade, deixando a falsidade
campear livre, fazendo vítimas entre os inocentes e ingênuos. A civilização
pós-moderna se firma cada vez mais no egoísmo, na vaidade numa total
indiferença: tudo para mim, para a satisfação do meu ego e o próximo que se
dane!
O ser humano é incapaz
de manter uma relação de amizade verdadeira. Em compensação a maior relação se
dá em sua tela de computador, seu ciclo social resume-se no Facebook, Instagram,
WhatsApp etc. As fofocas, o exibicionismo, a falta de privacidade, as
imaturidades virtuais vilipendiam o tempo e as verdadeiras emoções do encontro
face a face. A verdade, onde se encontra? Nesse mundo de faz de conta está cada
vez mais marcada a dependência psicológica e afetiva, de ciúmes desvairados, de
insegurança e traições virtuais, de promiscuidade e baladas regadas a bebidas,
sexo, tirando a sanidade mental de todos. Nunca fomos tão frágeis, carentes e
inseguros. A angústia é o marco das nossas relações inter e intrapessoais.
Cadê o olho no olho e a
sabedoria de dizer: “errei”, “não quero”, “não posso”, “não sei”, “me perdoe”?
Quanto mais roupas de grife, tatuagens, corpo sarado, imagem narcísica, maior a
baixa autoestima, menos a paz de espírito, maior a nossa fragilidade. A
espontaneidade faz parte de um passado, a nossa sociedade nos imputa uma
“respeitabilidade” falsa, nos adestra como animais de circo para falar o que
não pensamos, expressar o que não sentimos e fazermos o que não desejamos.
Vivemos em contraposição, uma
era conflituosa nas nossas relações matrimoniais, na criação e no cuidado dos
nossos filhos, nas escolas, no trabalho e entre as demais nações.
Dia virá em que as pessoas
buscarão de fato a capacidade de descomplicar os atos que as impedem de pensar,
amar, sentir e agir, tendo a aptidão de na maior parte do tempo, falarem o que
pensam, expressarem o que sentem e de fazerem o que desejam, resgatando desta
forma a busca da verdade.
O sonho de um tempo em que a
energia do pensamento seja transmissível, nos tornando mais honestos, habita o
recôndito do nosso ser nos impulsionando a viver em paz, sem dissimulações,
simplificando a nossa vida e as nossas relações de fato.
Você já pensou nisso? Se não…
Sobre a autora: Elisa Augusta de Andrade
Farina é escritora, presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni –
ALTO, colaboradora e integrante da turma Manoel de Barros, da Árvore das
Letras.
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