segunda-feira, 1 de setembro de 2025

JOGOS DE RELAÇÃO

Mulher sorrindo pousando para foto

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto. 

Por Elisa Augusta de Andrade Farina (Teófilo Otoni, MG)

O século XXI caminha a passos largos, em seu bojo as tecnologias vão cada vez mais se aprimorando. A era da informação dos multimeios é a realidade que leva as pessoas a procurarem se informar a seu respeito. Por mais incrível que pareça, nunca tivemos uma situação tão caótica na comunicação interpessoal.                  

O que se falava “face a face”, hoje se clica na Internet, sem o famoso “olho no olho”, uma verdadeira simulação de sentimentos, ocultando a verdade que hoje é quimera dos “sentimentalóides” (aqueles que prezam a ética e a boa convivência).

Os relacionamentos vão de mal a pior entre homem e mulher, silêncio doloroso e persistente entre pais e filhos, clima pesado entre alunos e professores. Todos nós desastrados, ora tolhidos, ora dissimulados e, na maior parte do tempo, mentindo uns aos outros. Estamos assistindo impassíveis à agonia da verdade, deixando a falsidade campear livre, fazendo vítimas entre os inocentes e ingênuos. A civilização pós-moderna se firma cada vez mais no egoísmo, na vaidade numa total indiferença: tudo para mim, para a satisfação do meu ego e o próximo que se dane!

 O ser humano é incapaz de manter uma relação de amizade verdadeira. Em compensação a maior relação se dá em sua tela de computador, seu ciclo social resume-se no Facebook, Instagram, WhatsApp etc. As fofocas, o exibicionismo, a falta de privacidade, as imaturidades virtuais vilipendiam o tempo e as verdadeiras emoções do encontro face a face. A verdade, onde se encontra? Nesse mundo de faz de conta está cada vez mais marcada a dependência psicológica e afetiva, de ciúmes desvairados, de insegurança e traições virtuais, de promiscuidade e baladas regadas a bebidas, sexo, tirando a sanidade mental de todos. Nunca fomos tão frágeis, carentes e inseguros. A angústia é o marco das nossas relações inter e intrapessoais.

Cadê o olho no olho e a sabedoria de dizer: “errei”, “não quero”, “não posso”, “não sei”, “me perdoe”? Quanto mais roupas de grife, tatuagens, corpo sarado, imagem narcísica, maior a baixa autoestima, menos a paz de espírito, maior a nossa fragilidade. A espontaneidade faz parte de um passado, a nossa sociedade nos imputa uma “respeitabilidade” falsa, nos adestra como animais de circo para falar o que não pensamos, expressar o que não sentimos e fazermos o que não desejamos.

Vivemos em contraposição, uma era conflituosa nas nossas relações matrimoniais, na criação e no cuidado dos nossos filhos, nas escolas, no trabalho e entre as demais nações.

Dia virá em que as pessoas buscarão de fato a capacidade de descomplicar os atos que as impedem de pensar, amar, sentir e agir, tendo a aptidão de na maior parte do tempo, falarem o que pensam, expressarem o que sentem e de fazerem o que desejam, resgatando desta forma a busca da verdade.

O sonho de um tempo em que a energia do pensamento seja transmissível, nos tornando mais honestos, habita o recôndito do nosso ser nos impulsionando a viver em paz, sem dissimulações, simplificando a nossa vida e as nossas relações de fato.

Você já pensou nisso? Se não…


Sobre a autora: Elisa Augusta de Andrade Farina é escritora, presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni – ALTO, colaboradora e integrante da turma Manoel de Barros, da Árvore das Letras.

 

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