Por Urda Alice Klueger (Enseada de Brito, SC)
Por volta de 1820 (200 anos atrás) era presidente dos Estados
Unidos um homem chamado Monroe. Nessa altura, estava-se a fazer-se as diversas
independências da América, a maioria das quais tinha sido feita através de
sangrentas guerras (a primeira foi a do próprio Estados Unidos, em 1783, que
teve que fazer guerra com a Inglaterra; a segunda foi a do Haiti, em 1804, que
teve que fazer guerra com a França). Nós, brasileiros, fizemos a nossa
independência em 1822 (lembram do 7 de setembro, feriado até hoje?) e não houve
guerra, mas tivemos que pagar uma altíssima indenização para Portugal – pagamos
durante 150 anos, até o ano de 1972.
Assim,
quando esse Monroe disse que a América era para os americanos, foi um aplauso
só! O que primeiro se entendeu é que a América era para nós, americanos, sem
mais prestar contas aos colonizadores europeus, que eram os que mandavam aqui
até então.
É
isto que quer dizer a Doutrina Monroe: “A América para os americanos”.
(Nunca
devemos esquecer que a América é muito grande, e que inclusive nós, no Brasil,
somos americanos. Assim como todo o resto do continente, como Argentina, Peru,
Honduras, México, etc. Aqueles que se auto intitulam americanos, na verdade,
são os estadunidenses. Não é certo chama-los nem de americanos nem de
norte-americanos – na América do Norte há 3 países: o Canadá, os Estados Unidos
e o México).
Então
o Monroe disse isso e ficaram todos felizes, até começarem a entender que não
era bem assim. O que ele quisera dizer é que os Estados Unidos era a sala de
visitas da América, e os demais países eram seu quintal, o lugar onde eles
poderiam obter cada vez mais lucros.
Até
hoje a Doutrina Monroe está valendo. A cada vez que o Brasil cresce um
pouquinho, que a sua população deixa de ser tão pobre, os Estados Unidos
organizam um golpe de estado e nos roubam os nossos direitos e a nossa
economia, para que ELES fiquem cada
vez mais ricos. É o que está acontecendo neste momento, e funciona porque os
ricos do nosso país não querem perder suas regalias e apoiam os golpes, mas já
aconteceu outras vezes, como no governo de Getúlio Vargas e João Goulart. Os
governos Lula e Dilma foram governos chamados progressistas (não confundir com comunistas ou socialistas) e
porque o povo passou a viver um pouco melhor (bolsa família, créditos, minha
casa minha vida, universidades em abundância, salário mínimo de cerca de 350
dólares – vale lembrar que em 1988 o nosso salário mínimo valia cerca de 20
dólares, o que daria agora mais ou menos 60 reais por mês), esse pouquinho a
mais que o povo passou a ter já ouriçou de novo a Doutrina Monroe, que queria aquele pouquinho de cada um para os Estados Unidos ficarem cada vez mais ricos. Daí o
golpe que vivemos.
Sertão
da Enseada de Brito, 05 de maio de 2018.
Urda
Alice Klueger
Escritora,
historiadora e doutora em Geografia.
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