Para José Luis P. Grando
Fico pensando
Se da para
viver/sobreviver
Em meio a tiros, drogas
e pobreza extrema
Entre outras coisas
mais
Fico pensando se dá
para viver
Em meio a escolas
fechadas
Lixo nas ruas...
Penso nas muitas
possibilidades
E nas muitas
impossibilidades
Da tal meritocracia
Tão apregadas por
alguns
Em um país tão desigual
Reflito no populismo
barato!
Que emana de certos
líderes políticos
Que com seus
velhos hábitos...
De pensarem só em
si mesmos!
Penso nas muitas
possibilidades!
E nas muitas
impossibilidades!
Criar meu
filho...
De cor de ébano!
Em meio às siglas:
AK-47, AR-15 e UZI...
Sendo disparadas!
Penso nas sirenes das
polícias
A invadir o meu
cotidiano...
Tento anegrejar meus pensamentos
E me imagino um Nagô...
Penso em um Masai...
E nas línguas
Gestos
Dos sabores, cores
Dores e crenças
Quais me
obrigaram a esquecer
Penso também
Nos deuses pálidos e
esquálidos
Nas crenças pálidas
Que tiver que seguir
Penso na viagem
onírica!
Aonde posso visitar
O Chade
O Burundi
O Congo
Cortar o alicondo
Tomar a almadia
Como a arga
Castigo o biribíri
Danço o bangulê
Danço o lundum
Danço o caxambu
Usar o muje
Viver a minha vida
Avesso ao senso de
justiça
Avesso aos brilhos
Dos olhos famintos
Por lucro rápido &
fácil
Regado a sangue
negro!
Volta meus pensamentos
para o sul
Onde moro...
E como sou esmagado...
Por uma cultura que não
é minha...
São festas
Gestos
Roupas
Rostos
Pálidos
Esquálidos
Que tenho que suportar
Penso na carga
Que tenho
que suporta!
A invisibilidade que
tenho que suportar
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