Por
Humberto pinho da Silva(Porto, Portugal)
Dizia, certa vez, alguém, cujo
nome já não me recordo, que: Cultura, é o que resta, depois de tudo se ter
esquecido.
É a essência, que permanece da:
educação, que recebemos; dos costumes; tradições e valores, que alicerçam a
sociedade, em que estamos inseridos.
Saber: é ter conhecimento de
certa matéria ou determinado assunto. Cultura: é o sumo de vários
conhecimentos, que foram “ esquecidos”, ao longo da vida e servem para: pensar,
criticar, raciocinar… e escrever.
Nem só o académico, que
frequentou a Universidade, se pode dizer que é culto; o ignorante, o humilde
trabalhador do campo, pode ser sábio, e ensinar-nos muito, que empiricamente
foi adquirindo, por experiência própria ou recebida dos seus maiores.
Muitas vezes, a gente rude, são
verdadeiros livros abertos, no modo como se exprime, e na vernaculidade dos
termos que emprega.
Cultura e liberdade, andam de
mãos dadas. Não pode sobreviver a cultura de um povo, se o invasor, impõe:
religião, língua, tradições, valores da sua civilização.
Antigos conquistadores,
conheciam que o modo eficaz de dominaram um povo, era inculcarem: costumes e
tradições alheias, ao longo dos anos.
A lavagem cultural, pode ser
pela violência (decreto); ou levá-lo a aceitar, por imitação ou complexo de
inferioridade.
Foi o método usado pelos
europeus, na época dos descobrimentos. Pelos romanos, ao expandirem o Império;
e, segundo parece, o processo, que certos lideres muçulmanos pretendiam fazer,
de modo pacífico, primeiro ao Ocidente, depois ao Oriente.
A globalização acelera o fim da
cultura característica dos povos, criando a mestiçagem da cultura, e fomentando
a mobilização, e a perda de identidade dos povos.
É, porém, verdade, que a
amálgama de tradições e costumes, enfim, da cultura de vários povos, enriquecem
os países; mas, também, é verdade, que os descaracteriza.
Cada povo tem sua cultura, seu
modo de pensar e agir, transmitidos de geração a geração. A globalização,
lentamente, vai igualando, impondo aos povos mais fracos, a perda de identidade;
acabando assimilados.
Perseverar a língua, é defender
a cultura de um povo.
Em “ A Correspondência de
Fradique Mendes”, Eça, depois de afirmar que :” Na língua verdadeiramente reside a nacionalidade”, exprime a opinião
sobre o poliglota: “Nunca é patriota. Com
cada idioma alheio que assimila, introduzem-se-lhe no organismo moral modos
alheios de pensar, modos alheios de sentir. O seu patriotismo desaparece,
diluído em estrangeirismo.” (*)
Infelizmente, a língua portuguesa,
tem sofrido tantos saltos de polé, enxertada de tantos estrangeirismos, tão
desprezada, pelas figuras públicas, inclusive a classe politica, que anda mais
remendada, que capa de pedinte, como dizia o nosso clássico.
Na época de Eça, éramos “
colonizados” pela França. Para se ser considerado culto, era necessário
conhecer a língua francesa.
Tudo vinha de Paris: a moda, a
ciência, a arte…e até os janotas da alta-sociedade, iam, à Capital da Luz,
buscar noiva! …
Agora, tudo nos chega da terra
do Tio Sam: os costumes, tradições, as ideias…; até a nossa língua sofre – e de
que maneira, – com a subserviência…
(*) – Edição de Lelo &
Irmão, Porto,1960 – Pág. 128
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