quarta-feira, 1 de setembro de 2021

CLARISSE DA COSTA EM VERSOS E PROSAS (3)

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

Crônica: É sobre aproveitar os momentos

Que fim levou as rosas no dia dos namorados? Que fim levou o abraço sem razões para abraçar? Onde foram parar todas as cartas de amor?

Cadê aquela vontade de ficar e deixar um pingo de saudade? Os dias passam e fica uma incerteza.

A janela se espelha no chão com a luminosidade do sol. O passarinho pela manhã fica escondido entre as folhas do pé de hibisco.  Na gaveta os livros amarelados trazem histórias interessantes que falam um pouco da vida, a vida com nuances e sensações.

Eu parei para ler o livro "Marley e Eu" e comecei a dar risadas. Um cotidiano pacato e divertido! Nem se percebe as horas passarem com este livro.

Mas para que pressa? Às vezes é necessário desacelerar a vida.

Como diz a canção "não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si". É sobre aproveitar cada momento, buscar novos sonhos e sonhar. Ver os passos da incerteza chegando em algum lugar por acreditar que é possível. É viver.       Viver o nascer do sol. Viver o florescer das flores. Viver o aconchego de um afago. Viver todos os momentos da vida.

(do livro “Crônicas do Tempo”)

 

Nuances

A vida tem nuances.

É possível ver suas cores

Em cada retrato,

Cada folha, flores

E momentos.

Até o seu corpo têm

As nuances da vida.

Dá para escrever

Em cada traço da sua pele

Uma poesia, ou até mesmo

Uma carta

Onde revela-se sentimentos,

Que não fogem da realidade.

Onde o teu sorriso

Me dá motivos

Para continuar.

Aliás, o teu sorriso

É o meu riso

Sobre a luz do sol,

Alegria que me remete

A sonhos lindos

E me traz a vontade

De ficar

No brilho dos teus olhos,

No afago do teu abraço,

Na saudade de ser aquele amor.

(do livro “Oceanos”)


Conto: Um Grande Escritor

Ele tão novo tinha sonhos gigantescos. Humilde, morava numa casa de pau a pique junto com sua mãe e seus três irmãos.   Com um lápis na mão e um simples caderninho escreveu vários versinhos. Seria o seu primeiro livro. Mal sabia ele que tinha o mundo das palavras em suas mãos.

Com tão pouco estudo, saiu lendo seus versos pela rua sem pretensão alguma.  Voltando para casa viu sua mãe em prantos, pois não tinha o que dar de comer para os seus filhos.

O menino voltou para as ruas e saiu oferecendo os seus versos por um valor em dinheiro. Por vinte reais um senhor comprou o seu caderninho e chegando em casa deu para a mãe aquele dinheiro. A mãe foi no mercadinho e comprou o que dava. E neste dia ela pode ver o sorriso dos seus filhos depois de comerem algo. O menino escritor aprendeu que poderia ir além com as palavras e o conhecimento.

 

Toda Nua

Despi-me

De todas as amarras

Da timidez,

Dos padrões

Do corpo perfeito;

E inteira,

Sem pensar em mais nada,

Numa noite estrondosa

Pensando em você

Abusei da minha ousadia;

Olhei o meu corpo despido

Senti o frisson do meu desejo.

Dava pra ver diante do espelho

A intensidade da mulher

Que havia dentro de mim.

Entregue aos desejos carnais

Te quis na minha carne

Provando tudo que

Eu podia te dar.

Nua

No meu lençol de prazer

Deixei o perfume do êxtase

Exalar pelo quarto.

(do livro “Nua e Crua”)

 

Sigo em frente

Enquanto você sente

As minhas mudanças

Eu vou vivendo.

Porque têm muitas flores

Para eu cheirar;

Muitos motivos para eu sorrir;

Muitos sonhos para eu sonhar.

A vida é para além de

Muitos muros

Que o ser humano constrói.

Não se limita a mulher

A vida do homem.

A mulher nasceu

Para ser livre.

(do livro “Oceanos”)

 

Clarisse da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu Santa Catarina.

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

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