Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
— Tenho uma surpresa, irá gostar. —
Anunciou Ezequiel com sadismo para a namorada.
Lina nada disse, se calou, pois se
lembrou das cicatrizes na face, em particular, hoje no âmago as marcas ardiam
de forma cruel. A estudante de medicina se arrumou, e foi estudar, como
bolsista que era, queria que os pais se orgulhassem dela.
Ezequiel, se
mostrou irado por não ter uma resposta da namorada. E foi encontrá-la na porta
do quarto que dividiam. Pegou-a com força pelos braços e a sacudiu.
— Tenho uma surpresa, irá gostar! —
Disse novamente Ezequiel.
— Desculpe-me, não prestei atenção. —
Disse Lina, com falácia e o abraçou.
Ezequiel, franziu a testa, agarrou
Lina, a arrastou para o quarto e jogou-a com força na cama.
— Hoje, não saíra do quarto! — Esbravejou
Ezequiel.
Amedrontada, Lina ficou deitada, por um
longo tempo, esperando a tal surpresa do namorado.
— Arrume-se, quero que conheça meus pais!
— Rosnou Ezequiel.
— Não posso, tenho um trabalho para
entregar…
— Cale-se e me obedeça! De hoje em diante,
será minha propriedade! — Esbravejou Ezequiel.
Lina mais uma vez, se lembrou das
cicatrizes, pois não as esquecia. Mas, obedeceu! Saiu da cama e aprontou a mala
com lentidão. Lina lamentava para si a cada peça que separava e colocava na
mala. Sai de formas furtivas, como quem foge ou outra dor que Lina teve que
suportar, notar os olhares das poucas pessoas nos corredores a machucou muito.
Entrando no luxuoso e moderno carro de Ezequiel, Lina não escondeu o
choro.
Foram mais de três horas de viagem,
por caminhos tortuosos e lá estavam eles diante de um enorme portão. O portão
se abriu quando o carro de Ezequiel se aproximou. Não era bem uma casa, mas sim
uma suntuosa mansão, com seus toques clássico e moderno. Os pais de Ezequiel,
estavam na porta, estavam sorrindo e receberam o jovem casal com cortesia. A
mãe de Ezequiel, cumprimentou-a e logo encarou o filho com rigor, ela toda
arrumada, com roupas de grife, porém esnobe.
— Onde arrumaste está mendiga, meu
filho? — Disse a senhora olhando profundamente para o filho.
— Mamãe, e minha namorada! — Respondeu
o filho gaguejando.
— Tens um nome honrado, para trazer uma
qualquer para a nossa casa! — Falou a furiosa a mãe de Ezequiel.
— Mas mamãe! Eu a amo...
— Dormirá no cômodo dos empregados, com
esta mendiga merece, apenas me obedeça! — Decretou a mão de Ezequiel. Enquanto
o austero pai de Ezequiel estava completamente calado.
Contrariando as ordens da mãe, o
casal passou a noite na casa de hóspedes. Como era tóxica sua família muito
explicava os atos de Ezequiel, ele tinha culpa por ser aquele vândalo, que
todos comentavam aos cochichos? Logo ao amanhecer, tomaram um rápido café,
arrumaram as malas e retornaram para Universidade. Na estrada tiveram o
silêncio como fiel companhia.
Ao chegarem na
entrada da universidade, Ezequiel de abrupto parou o carro e olhou fundo nos
olhos lacrimejantes de Lina!
— Perdoe-me? —
Perguntou Ezequiel para a namorada.
— Acalme-se, está tudo bem! — Respondeu Lina com toda a calma do mundo.
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