Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
Enzo
estava insuportável, com este cinzeiro, bate o tempo todo na mesa de centro.
Parece querer me tirar do sério. Quer saber, vou acabar com sua festa.
—
Me dê este cinzeiro, mal posso assistir minha novela.
—
Oras, Maria, anda estressada!? — Respondeu Enzo com desdém.
—
Como é sarcástico. Faz isto para me provocar. — Devolvi com raiva.
Retirei-me
da sala, mas fiquei espiando o que se passava com Enzo. Infeliz, estava me
provocando. Agora, só restava saber o motivo. Arrumei a casa, e logo me sentei
no sofá, ao lado de Enzo. E novamente, batendo aquele maldito cinzeiro.
—
Por que tem um cinzeiro Enzo, nunca fumou!? — Inqueri Enzo com raiva
—
Ah! Então, não, sabe o motivo! — Respondeu ele e emendou — Lembra- se do Senhor
Lucas, dona da imobiliária, na qual trabalho!?
—
Sim, lembro-me! — Respondi intrigada.
—
Ele me deu este cinzeiro, como gratidão, por tudo que faço a ele! — Falou Enzo
um tanto vago.
Não,
Enzo só pode ter enlouquecido. O senhor Lucas não o suporta, morre de ciúmes
dele, com sua esposa, afinal Enzo sempre foi um mulherengo inveterado.
Preciso
descobrir o que está acontecendo, amanhã vou até a imobiliária tentar descobrir
algo. Enzo que se prepare, pois nesta história não há nada concreto.
—
Bom, preciso dormir, estou exausta! Boa noite Enzo! — Falei, e parti para o
quarto indiferente a Enzo. Mas, se Enzo pensa que vou ficar quieta, ele está
enganado, eu posso ser a calmaria e às vezes posso ser o mar bravio, quando
quero descobrir algo.
Acordamos
cedo como de costume, eu fui dar aulas para crianças pequenas o dia todo como
de costume, sou professora das séries iniciais. Já Enzo, o que me parece só
bater o cartão e ir para casa ao cair da noite como um bom burocrata.
No
meio da tarde, começou a chover forte e a diretora da escola resolveu soltar as
crianças mais cedo. Chegando em casa, estranhei, fazia um silêncio, não escutei
Enzo bater cinzeiro. Deitei no sofá para tirar um cochilo. E de repente, ouço
gemidos, uma mulher gritava coisas obscenas, subi as escadas e notei que o
barulho vinha do meu quarto, a porta estava semiaberta. Céus, era Enzo com uma
mulher estavam nus. Estava péssima, mas fechei a porta e fingi não ter olhado
aquela cena desprezível. Fui para rua e voltei para casa mais tarde, Enzo
estava no sofá brincando com o cinzeiro como sempre, notei que estava de banho
tomado. Não disse nem boa noite e parti para o quarto, me atirei na cama e
dormi profundamente como estava.
No
dia seguinte, acordei antes de Enzo, eu abalada, engoli o choro e fui para a
escola. Afinal de contas, os meus alunos estavam me esperando. Ao final do dia,
eu desconsolada, voltei para casa. Enzo batia o cinzeiro, querendo me irritar,
foi então que notei mordidas em seu pescoço, em sua blusa, havia marcas de
batom. Respirei, ofegante, mas não puxei assunto com ele, apesar de querer uma
explicação. Deixei para ele tomar a iniciativa de me contar, sobre a tal
amante.
Nesses
dias conturbados, avistei de longe Jhon, um velho amigo e namorado do meu tempo
de faculdade.
—
Jane, sou eu Jhon! — Gritou ao longe e chegando mais de perto! — Continua
linda.
—
Jhon, que bom te encontrar, precisamos marcar um dia para colocar a conversa em
dia. — Disse para ele sorrindo, com os olhos.
Despedimo-nos
efusivamente com promessas mútuas de nos vermos de volta e fui para casa.
Eu não escutava mais o barulho do cinzeiro, e mais uma vez gemidos e gritos
obscenos de Enzo com a amante. Como a porta do quarto estava semiaberta,
comecei a gravar, assim poderia ter provas.
Fui
trabalhar, ao longe divisei Jhon, ele estava no portão da escola. Ele se
aproximou de mim sorrindo e eu devolvi sorrindo com os olhos.
—
Estava te esperando, não consegui parar de pensar em nós dois, como éramos
felizes, e apaixonados.
As
minhas pernas ficaram trêmulas, não sei se foi carência, mas ali estava um
homem de verdade, e que homem, como é lindo e romântico. Segurou minha nas
mãos, como adolescentes nos beijamos sem se importar com que estivesse vendo.
Contato:
bragalimafabiane@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário