quinta-feira, 1 de junho de 2023

ENTRE ALVAS LUZES, NEGRAS SOMBRAS, DIÁFANOS SONHOS EM INTENSOS PRAZERES

Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

‘’Fez-me refém de tua loucura,

O grito contido e o desejo omitido.

 Preciso possuir teu corpo. Insanidade!

És tu a primícia, que ofereço aos deuses,

És o mistério, que toma o meu corpo,

Que invade os meus desejos mais libidinosos,

 Transbordando me dê vasta saudade.’’

Fabiane Braga Lima

 

            Das muitas sensações primevas e ancestrais, que podemos e sentimos, o medo do desconhecido, é sem dúvidas a mais antiga e mais motivadora e, ao mesmo tempo, a mais paralisante de todas as sensações. Luna, quando despertou do seu sono profundo, por fim, um forte clarão cegou os seus frágeis olhos, da dramaturga, obrigando a fechá-los novamente. E Luna, tentou levar as mãos aos olhos, mas não conseguiu, tentou erguer a cabeça e também não conseguiu. Não era um cansaço puro e simples, muito menos um esgotamento físico qualquer. Parecia que uma poderosa força gravitacional, a empurrava para baixo a cada tentativa folha. E a cada movimento, ela que fazia, a força gravitacional, a obrigava recuar com veemência. Vencida por fim, Luna tateou, com as pontas dos dedos e descobriu que estava em uma confortável cama, pois sentiu os lençóis de linho egípcios. Luna moveu a cabeça, com dificuldades e pode sentir um confortável travesseiro de penas de ganso.                 

           Os olhos da dramaturga, de repente, começaram a aceitar a claridade e o espelho no teto lhe deu as piores e as melhores sensações. Percebeu que estava nua, ela percebeu que estava bem fisicamente e foram os melhores e os piores sentimentos até então. O corpo de Luna, começou a emanar sensações, informações fragmentadas, começaram a chegar sem avisos. Eram pequenas ondas, a princípio, que se agigantavam. Eram ondas avassaladoras, de intensos prazeres e satisfações físicas, que inundavam a confusa mente de Luna. E as palavras sussurradas de Camilla, ecoaram nos recantos mais distantes, da mente da dramaturga, naquela hora: — Bem vinda a minha teia, disse a aranha para a mosca! — O clichê barato ecoou, através da máscara pálida da verdade.

            Naquela hora negra, Luna não poderia reclamar de nada, do que tinha recebido, o que ela estava procurando e acabou encontrando, o que pediu. E a dramaturga teve certeza, que as informações, que faltava e precisava viriam com o tempo. Prazeres e fortes sensações, na beira do mais profundo e mais negro de todos os álgidos abismos. Ela queria viver a vida ao máximo, para o além do possível e longe do imaginável no limitado mundo em vigília.

Luna procurou e encontrou forças que procurava, conseguiu erguer a cabeça e viu o que tanto procurava. Ela viu a si mesma, a poucos metros, um pouco além do quarto em que estava. A dramaturga, estava vestindo um confortável roupão de banho carmesim, ela estava segurando uma estilizada caneca rosa de café e os vapores que emanavam da caneca, hipnotizaram Luna. Ela estava diante de uma enorme janela de vidro, olhando para a imensidão sem fim do oceano, estava nas alturas da Torre de Marfim e estava feliz, venerando a alvorada rubra. E de repente ele apareceu, veio por trás dela, segurava uma estilizada caneca azul marinho de café, os vapores intensos da caneca dele, se misturaram com os vapores, da caneca de Luna. Ele também estava vestido, com um roupão amarelo, que fazia par com o dela, ele abraçou Luna, afastou os cabelos sedosos e lhe deu um terno beijo na nuca. A pele alvíssima dele, contrasta com a pele amendoada dela, os longos e platinados cabelos lisos dele se misturaram com o trigal cabelo liso perolado de Luna. Estavam felizes depois de uma noite de amor.

(Fragmento do livro Sono Paradoxal, de Samuel da Costa)

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

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