sexta-feira, 1 de março de 2024

CLARICE COM C (1ª E 2ª PARTES)

 Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

Clarice com C - 1 ª primeira parte   


        No filme a personagem diz que "tudo que você precisa é da humanidade". Mas como se a humanidade destrói a si mesmo? Eu acho que precisamos um pouco mais de fé e aprender a amar de verdade. Não vejo a humanidade salvando a si mesmo.
       Clarice com C, como gostava de deixar bem claro, acreditava numa humanidade que buscava o caminho certo. A tal humanidade que Deus tanto falou nos seus ensinamentos. Mas nessa humanidade que ela via numa guerra diária, entre preconceitos, desigualdades, violências, uma guerra extrema, ela tinha pavor. Se perguntava como o mundo ia mudar se a humanidade fosse capaz de ficar perdendo tempo se destruindo.
       Ela acordava diariamente sempre tomando o seu café e lendo trecho do seu livro favorito, "Jardins da Alma". Nas primeiras linhas do livro ela aprendeu que o tempo é determinado por nós. Você que está lendo isso deve estar se perguntando: Mas como isso?   
         Segundo o livro: O sofrimento é a casa de todas as dores. É o processo que nos coloca em aprendizado. Você aprende a lidar com cada dor. O choro, o que para alguns é sinal de fraqueza, o choro mostra a sensibilidade de uma pessoa. E junto ao sofrimento vem o tempo, o tempo de cada processo que o ser humano passa. Uma necessidade para a evolução humana, determinar o tempo, desacelerar as coisas...


                                        Clarice com C - 2ª parte         

         Se você parar para pensar, o vazio é uma coisa cheia de tudo. Tudo aquilo que temos e mesmo assim nos sentimos num vazio tão grande, porque o ser humano está sempre buscando o que está fora do seu alcance. É como querer ir à lua sem ter a possibilidade de estar lá. 
         Certa vez atravessando a Rua Dom Bosco viu um senhor de cabelos quase brancos, sentado na calçada, ele olhando fixamente para ela lhe disse: - O que tanto procuras? Desde o outro lado eu vi o seu olhar em todas as direções. Vou lhe dizer uma coisa menina, o ser humano jamais vai se sentir completo, sempre vai ter aquela sensação de que algo lhe falta. E a felicidade vai ser sempre um mistério para a humanidade, pois o ser humano sempre vai se colocar em dúvida. Será que eu sou capaz de ser feliz?   
           Depois dessas palavras, o senhor tirou da sua bolsa um livro e deu-lhe. Ela agradeceu sorrindo e seguiu até a sua casa em silêncio. Chegando em casa ela viu o nome do livro, Jardins da Alma. Clarice então perguntou a si mesmo: - Será que ele era o autor do livro? Mas o que fazia ali na calçada?
           Abriu uma das páginas marcada com pedaço de papel vermelho e nele viu um trecho marcado com lápis amarelo: - Tanto faz os choros, os tombos, os fios brancos chegando, só não deixe de viver tudo aquilo que você pensou para você. Há muito mais para ser visto além da sua janela.


Clarisse da Costa é poetisa, contista, cronista e designer gráfico em Biguaçu, Santa Catarina. 

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

 

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