Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
As
histórias que aqui irei vos relatar são contadas por mulheres que por razões
sem sentido foram abusadas de todas as formas pelo sexo oposto. Talvez você se
identifique e tire para você um aprendizado. Tudo começa com a ilusão do amor
eterno…
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Ele me falou de amor, eu estava num momento difícil onde a carência me fazia
mal. Eu queria ter alguém. Mas este amor não passou de filosofia barata de
botequim. Ele jurou que me amava. Tivemos algumas divergências. Ele queria que
eu mudasse literalmente a minha maneira de ser. Eu não mudei e nem mudaria por
homem algum. Ele era evangélico, nada contra a religião, Deus é a minha igreja
não a religião criada pelo povo. Mas sua fé ia além de acreditar em Deus, para
ele mulher pura não fazia certas coisas nem na hora do sexo. Demos um tempo, eu
preso muito pela minha liberdade de escolha, de ser quem sou. Ele implorou para
eu lhe dar outra chance, disse que me amava muito ainda. E eu querendo ser
feliz com ele. No dia seguinte eu o vi numa fotografia ao lado de uma mulher
linda a chamando de minha rainha na rede social. E era Amim que ele me chamava
de minha rainha, de princesa. Chamou-me até para eu morar com ele. Sempre era o
homem carente e romântico. Na foto eu vi no dedo dos dois uma aliança de
casamento. Eu fiquei sozinha e nutri por ele uma raiva imensa. Com o tempo
perdi a crença. O amor verdadeiro para mim não era mais uma possibilidade na
minha vida.
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Eu me doei demais, muita carência. Eu vi nele a minha chance de uma vida nova.
Entreguei-me de corpo e alma por esse amor. Ele dizia que me amava. Apareceu na
minha vida no momento que eu estava tranqüila. Tivemos muitos conflitos e
decidi deixá-lo. Mas não imaginava que o pior estava por vir. Ele não era
aquele homem que se apresentou para mim e falou de amor. Por telefone descubro
que ele é gay. A partir daí entendi porque ele não tinha o gesto de me beijar
já que dizia me amar. Senti um ódio profundo. Nem consegui chorar. Isso só
contribuiu para eu não querer mais nenhum homem na minha vida.
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Eu estava ali na festa tão contente com outra pessoa, a noite parecia perfeita.
De repente chega um convidado que eu não esperava. A casa não era minha e a
pessoa não esperava que ele fosse fazer isso. Ele olha para mim com tanta
fúria... Seu ciúme foi além de um amor doentio. Ele ergueu suas mãos em punhos
e me deu um soco que quebrou o meu nariz. Uma covardia que anulou tudo de bom
que um dia nós vivemos juntos. Porque mulher alguma não vive muito tempo com um
homem sem sentir-se bem com ele. Tudo começa como se fosse um conto de fadas. A
gente é a mulher mais feliz do mundo. Este que um dia eu amei tanto, nem sei se
posso chamá-lo de homem é liberto pela justiça. Hoje eu vivo a minha vida com
receio, eu posso em algum dia ser encontrada morta.
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Eu entrei na igreja com a expectativa de casar-me com o amor da minha vida. O
meu namoro foi dias maravilhosos da minha vida. A cada aniversario meu recebia
flores com um bilhete dizendo ‘’eu vou te amar para sempre’’. Eu o amava
tanto que não via mais a minha vida sem ele. Nem se quer podia imaginar. Entrei
na igreja me sentindo a mulher mais feliz do mundo. Cada passo que eu dava
diante daquele altar via cenas da nossa vida juntos como marido e mulher. E o
meu melhor amigo sempre presente em tudo. Às vezes eu via o olhar estranho do
meu marido, mas não entendia o porquê desse olhar. Deixei quieto. No dia do meu
aniversário meu amigo Roberto apareceu e me deu um abraço forte, bombons e
flores. Meu marido ao longe olhava fixamente. Depois disso não lembro mais de
nada. Eu acordo num hospital sem os movimentos das pernas. Levei um tempo para
entender. Aquele amor era posse. Eu não passei de sua propriedade.
Ser mulher nos dias atuais é uma aventura com
todos os riscos. Nunca sabemos o que vai acontecer com a gente. No meio
profissional o baixo salário e a incredibilidade da nossa capacidade.
Enfrentemos o preconceito e machismo de muitos homens. Nas redes sociais não
passamos de um objeto exposto a serviço do homem, como se ali fosse um bordel e
tudo que a gente tivesse que fazer é abrir as pernas.
Na
vida amorosa muitas vivem conflitos, desilusões, violência, estupros... Para
muitas o único destino é a morte. E no meio desse tudo a justiça brasileira
fica de braços cruzados. A gente crê no amor e tudo que recebemos é o amor
banal e doentio, fantasiado de amor eterno, uma filosofia barata. Daquelas que
o homem bebe muito e fala o quer sem sentido algum. Mas não podemos fugir da
luta. Temos que seguir em frente. Ir contra tudo e contra todos. Homem algum
pode nos anular. Nós mulheres somos o berço da vida.
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