terça-feira, 1 de setembro de 2020

RODA DE CHIMARRÃO

Por Paccelli José Maracci Zahler (Brasília, DF)

 

Enquanto a carne assava na brasa

Daquele fogo de chão,

A chaleira chamuscada chiava

Com a água quente do chimarrão.

 

Quatro peões cansados

Da lida de um longo dia,

Sentados ao redor da fogueira,

Chimarreavam, charlavam,

Davam risadas faceiras.

 

E contavam histórias,

Umas felizes, outras tristes,

De morte e assombração,

Dos campos daquela estância,

Testemunhas de lutas e revolução.

 

Os tempos eram outros,

As dificuldades imensas.

Tudo era improvisado

E feito à braço e mão.

Só a cada quinzena ou mês

Era possível receber

Mais mantimentos do patrão.

 

A carne assando, a gordura escorrendo,

A algaravia dos quatro peões,

 

O céu estrelado, a lua cheia,

O chimarrão passando de mão em mão,

O sono chegando com mansidão...

 

O vento frio da Campanha

Levando e trazendo lembranças

Para aqueles corpos cansados,

Abrigados ali no chão.


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