sexta-feira, 1 de abril de 2022

SANTA CATARINA OPRESSORA

 Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

 

Muito do que foi visto em Santa Catarina nos seus registros históricos e desconhecido por muitos é resquício de uma segregação racial, um tanto parecida com que aconteceu por anos na África do Sul. 

A madame entrava no clube enquanto isso a mucama ficava a sua espera do lado de fora. Muitos clubes tradições da elite branca de Santa Catarina, não permitiam a entrada de negros, os poucos que permitiam colocavam uma corda para separar os negros dos brancos e essa cultura da não presença de negros em espaço de brancos permaneceu até o pós-escravidão. Nada de igualdade, nada de democracia. Aliás, onde o racismo é forte não existe democracia.

Mas esse cenário de segregação racial sofreu mudanças quando 1900 surgiram espaços onde a população de origem africana tivesse a liberdade de experimentar culturas e relações de coletividade.

Na grande Florianópolis temos o clube Novo Horizonte, esse nome tem como significado "novos tempos aos negros". O clube surgiu com a chegada de uma família que se mudou para Florianópolis em busca de uma nova vida longe do separatismo e todo preconceito sofrido. Descendentes de escravos, a família tratou de mudar o cenário de preconceito existente na época. Nada fácil ter que lidar com a descriminação, criar um espaço onde as famílias podiam estar ali juntas, se sentindo acolhidas!

Uma sociedade sem o intuito financeiro. Primeiro foi a difícil luta em conseguir o terreno para a construção do clube, segundo o fator cor da pele.

A ajuda veio de onde menos se esperava, em 1988, um alemão casado com uma mulher negra, cansado de ver sua esposa discriminada ajudou a família.

 

Clarisse da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu, SC.

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

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