Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Muito do que foi visto em Santa Catarina nos
seus registros históricos e desconhecido por muitos é resquício de uma
segregação racial, um tanto parecida com que aconteceu por anos na África do
Sul.
A madame entrava no clube enquanto isso a
mucama ficava a sua espera do lado de fora. Muitos clubes tradições da elite
branca de Santa Catarina, não permitiam a entrada de negros, os poucos que
permitiam colocavam uma corda para separar os negros dos brancos e essa cultura
da não presença de negros em espaço de brancos permaneceu até o pós-escravidão.
Nada de igualdade, nada de democracia. Aliás, onde o racismo é forte não existe
democracia.
Mas esse cenário de segregação racial sofreu
mudanças quando 1900 surgiram espaços onde a população de origem africana tivesse
a liberdade de experimentar culturas e relações de coletividade.
Na grande Florianópolis temos o clube Novo
Horizonte, esse nome tem como significado "novos tempos aos negros".
O clube surgiu com a chegada de uma família que se mudou para Florianópolis em
busca de uma nova vida longe do separatismo e todo preconceito sofrido.
Descendentes de escravos, a família tratou de mudar o cenário de preconceito
existente na época. Nada fácil ter que lidar com a descriminação, criar um
espaço onde as famílias podiam estar ali juntas, se sentindo acolhidas!
Uma sociedade sem o intuito financeiro.
Primeiro foi a difícil luta em conseguir o terreno para a construção do clube,
segundo o fator cor da pele.
A
ajuda veio de onde menos se esperava, em 1988, um alemão casado com uma mulher
negra, cansado de ver sua esposa discriminada ajudou a família.
Clarisse
da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu, SC.
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
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