quarta-feira, 1 de junho de 2022

NOITE DO REENCONTRO

Por Dias Campos (São Paulo, SP)

 

            Se com Viagens na minha terra, Almeida Garrett talvez tenha escrito o romance mais importante do Romantismo português, esta sua afirmação foi, de certo, o pensamento mais sublime que ele um dia ousou conceber – “A mãe é a mais bela obra de Deus.”

            E como tudo em Deus é perfeição absoluta, outro não poderia ser o resultado da Sua soberana vontade, qual seja, a mãe representa o exemplo máximo de amor-abnegação.

            Mas se esse sentimento é incomensurável, e não há quem dele discorde, nem por isso o amor de filho seria de pouca monta. E tanto isso é verdade que a norte-americana Anna Maria Jarvis pelejou pela institucionalização de uma data que enaltecesse a memória de sua mãe, bem como a de todas as mães, o que fez com que fosse considerada a idealizadora do Dia das Mães.

E seja nas terras do Tio Sam, seja nas do nosso Brasil, esse dia glorioso é comemorado no segundo domingo do mês de maio.

            É claro que o comércio soube muito bem aproveitar essa oportunidade, que, como sabemos, é a mais lucrativa depois do Natal.

            Mas isso é irrelevante. Afinal, qual filho se recusaria a comprar um mimo para sua mãe, mesmo que se autodenominasse o inimigo número um do consumismo?

            Seja como for, além do presente, que julgo indispensável, o que de fato deixa radiante uma mãe é a visita, o contato, o tempo que estiver ao lado do filho. Não por isso que o almoço do Dia das Mães é como que sagrado!

            Mas, e quando os filhos já estão casados? Por óbvio que as sogras não têm uma mais direito que a outra.

Ora, isso é simples de resolver. Em um ano, o casal almoça com uma mãe e janta com a outra. E no ano seguinte, o inverso.

No entanto, bem sabemos que o Dia das Mães se acinzenta quando a homenageada já partiu para o outro plano. E se enegrece quando ela sobrevive ao filho, sobretudo se ele era único.

Nesses casos, é muito comum que um e outro digam para si que não têm mais o que comemorar.

Com efeito, a dor deve ser lancinante; e respeitabilíssima.

Mas se concordo que a comemoração perde o seu brilho, quero apontar uma esperança radiante, que batizei Noite do Reencontro.

E para que este reencontro se concretize, basta nos fiemos no que ensina a farta literatura, que vem a explicar o fenômeno natural da emancipação da alma durante o sono.

Sendo assim, na noite anterior ao Dia das Mães, não deixe de elevar o pensamento a Deus antes de dormir. E, seja com auxílio da oração formal, seja por meio de um simples bate-papo, mas com humildade, sinceridade e fé ardente, peça a Ele para que seja possível a vocês se reencontrarem, mesmo que por um curto período.

E se ao acordar você se perceber em um estado de inexplicável bem-estar, tenha a certeza, amigo leitor, de que esse reencontro aconteceu.

Feliz Dia das Mães.

E feliz Noite do Reencontro.

 

 

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