Por Dias Campos (São Paulo, SP)
No
prefácio à 5ª edição do seu Amor de perdição, Camilo Castelo Branco mostrou-se
um visionário, visto que assim se manifestou, referindo-se ao século 21: “Como
a honestidade é a alma da vida civil, e o decoro é o nó dos liames que atam a
sociedade, lembra-me se vergonha e sociedade ruirão ao mesmo tempo por defeito
de uma grande evolução-rigolboche. A lógica diz isto; mas a Providência, que
usa mais da metafísica que da lógica, provavelmente fará outra coisa.”
Ora,
se relembrarmos que, segundo o dicionário, rigolboche significa devassidão no
comportamento, e se olharmos rapidamente para um passado pouco distante, é
inevitável a conclusão de que os alicerces sociais brasileiros foram bastante
abalados.
Isso
me faz lembrar a velha luta entre o bem e o mal, das virtudes contra os vícios,
o “‘Tudo me é permitido’, mas nem tudo convém”, conforme afirmou o apóstolo Paulo.
Com
efeito, até Ulisses seria classificado como café pequeno se comparássemos os
seus mil ardis com a variedade dos meios utilizados pelas legiões rigolboches!
É
claro que, faço questão de frisar, não se trata, aqui, de policiamento, de puritanismo,
ou de coisa que o valha. Mas como o que está em jogo é a base social, a
família, o que de fato importa será a nossa firmeza de posicionamento, a escolha
de um lado.
Neste sentido, se é verdade que
“Imaginar uma sociedade impenetrável às transformações das épocas é imaginar um
corpo sem porosidade.”, como registrou Joaquim Nabuco, não menos exata é a
afirmação de Lacordaire, para quem “A sociedade não é mais do que o
desenvolvimento da família; se o homem sai da família corrupto, corrupto
entrará na sociedade.”
Daí a nossa excessiva preocupação com os
temas espinhosos que volta e meia são oferecidos para as nossas crianças sob a
forma de irresistíveis maçãs do amor, mas cujo caramelo, reluzente e sedutor, só
tem a função de encobrir a ameaça contida nessa fruta podre.
E tanto isso é verdade, tão perigosa
pode ser uma única mordida, que este ensinamento de Richter deveria ser
impresso, emoldurado e colocado sobre os criados-mudos de cada pai e mãe do
nosso Brasil: “A época mais importante da vida é a infância, quando a criança
começa a modelar-se por aqueles em cuja companhia vive.”
Sendo assim, as perguntas que não podem
ficar sem respostas são estas: Que exemplos passamos para os nossos filhos?
temos consciência de que, dependendo da nossa conduta, eles caminharão sob o
aconchego do sol ou se arrastarão na gelidez das sombras?
De nossa parte, e graças a Deus, estamos
tranquilos quanto à qualidade do alimento moral que oferecemos todos os dias para
o nosso herdeiro, o que nos permite deitar a cabeça no travesseiro e dormir o
sono dos justos.
Mas, e quanto aos pais que deram ouvidos
às fascinantes melodias rigolboches? Devem necessariamente colher o que
plantaram ou será que ainda há esperanças no horizonte?
Apesar da legislação permissiva, da
linguagem cativante, dos raciocínios enganosos, e de uma infinidade de
artimanhas utilizadas por aquela “evolução” para destruir a família, é certo
que a Providência não se calou diante de tantas investidas.
E como é sabido que Ela também age por
nosso intermédio, muitas vozes se levantaram e outras tantas se erguem na
defesa dos bons valores e na recondução de quem ainda se acha desorientado.
Uma, em especial, faço questão de
recomendar. É a do conhecido e carismático Divaldo Pereira Franco, que no 34º
Congresso Espírita do Estado de Goiás, em 2018, abordou, entre outros temas, a
ideologia de gênero, e indicou os meios mais eficazes para nos imunizarmos e
aos nossos filhos. – esta e muitas outras palestras constam no YouTube.
Para aqueles, porém, que não
comprometeriam, sequer por curiosidade, alguns minutos de suas vidas para
ouvirem o citado médium baiano, saibam do nosso respeito e fiquem com o nosso fraternal
abraço.
No entanto, para finalizarmos esta
crônica serão necessárias uma advertência e uma interrogação: Se “Em matéria
social é o rótulo impresso na garrafa que determina a qualidade e o sabor do
vinho.”, segundo escreveu Eça de Queiroz, pensando em nossos filhos e na sociedade
em que viverão, você realmente teria coragem de beber uma taça do tinto Rigolboche?
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