Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
Richard era um homem solitário rodeado de livros raros e caros vinhos. Acordava
cedo, tomava seu demorado banho, tomava seu requintado café e então saia para
correr. Adorava olhar as paisagens, ele morava próximo de montanhas, longe de
tudo, de todas e de todos.
Porém, no passado adorava frequentar festas, Richard era um homem de muitas
posses, que de repente largou tudo, pois se sentia exausto de pessoas fugazes e
interesseiras, nas quais diziam ser amigos, entre aspas.
Certo dia, como de costume saiu para correr, mesmo se
sentindo cansado continuou o trajeto. De repente, se viu cercado por um
nevoeiro, e já não enxergava mais nada. Ficou intacto sem saber o que fazer,
foi quando sentiu uma mão lhe guiando. Amedrontado, abriu os olhos, era uma
senhora, ele confuso, não sabia o que fazer, quis fugir, mas foi barrado por
uma jovem mulher.
– Calma rapaz, onde pensa que vai!?
– Minha família me espera – Respondeu mentindo, como sempre quando perguntavam
pela família.
Foi conduzido até uma casa simples, pelas duas mulheres, ele parecia estar em
um sono profundo e preso em um sonho denso. A casa não era estranha para
Richard. Ele olhou para os quadros nas paredes e os muitos porta-retratos
espalhados pela casa, ficou perplexo e mudo. Eram fotografias de pessoas
conhecidas, eram fotografias de sua família e muitas dele.
– Essa casa humilde foi tudo que nos restou, papai. –
Disse a jovem olhando nos olhos de Richard
– O
senhor perdeu a imobiliária em jogos e com suas amantes.
– Preciso
ir embora, preciso! – Gritou não aguentando a pressão.
– Sim,
papai, mas antes de ir embora olhe bem para esta senhora que lhe salvou do
nevoeiro, olhe bem!?
Aquietou-se ao
ver a mulher, ele sabia que era sua esposa Catharina. Mas se angustiou e saiu
correndo, ele queria voltar para casa. Enfim, chegando em casa, não a
encontrou, infelizmente. Catharina jazia morta, ela caiu em um penhasco.
O penhasco, no qual ele nunca tinha avistado na vida. Mas a
imagem da amada esposa morta depois que se lançava em um penhasco abraçada com
a filha deles nos braços. Richard não conteve as suas lágrimas,
Ao acordar do
pesadelo terrível o insípido corretor de imóveis, que passava pela crise da
meia idade. Que a tempos se isolava da família, indo viver sozinho no meio da
nada decidiu voltar para casa.
Quem
te ama de verdade não desiste, supera junto as crises, os erros. Te respeita,
apoia e abraça forte, mesmo triste. Quem te ama fica. Beleza acaba em frações
de segundos.
Ao ficar de frente da esposa e com a filha pequena nos braços ele não se
conteve
– Perdoa-me
Catharina!? – Perguntou a esposa – Sempre! Mas não se jogue num penhasco
novamente.
Fabiane Braga Lima é poetisa e contista em Rio Claro, São
Paulo.
Contato: bragalimafabiane@gmail.com
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