Por Dias Campos (São Paulo, SP)
Ah!...
Como é difícil para mim, que sou prosador, versejar sobre a mulher. Falta-me,
como escreveu Voltaire, o dom dos poetas.
Mas
se nasci sem esse carisma, nada me impede de tomá-lo emprestado. Daí me socorro
de José de Alencar, quem melhor cantou as vozes das florestas brasileiras: “A
mulher é uma flor que se estuda, como a flor do campo, pelas suas cores, pelas
suas folhas e, sobretudo, pelo seu perfume.”
Mas
se é verdade que os poetas não se enganam quanto à divina fragrância que delas
exala, o mesmo não se pode dizer quanto à sua origem. Neste sentido, se para
Lessing “A mulher é a primeira obra
do Universo”, para Gonçalves Dias ela se localiza no extremo oposto: “A mais
perfeita das criaturas, porque foi a última
que caiu das mãos do Eterno, quando ele quis completar o quadro variado e
magnífico das suas maravilhas com a maior de todas elas.”
Aposto
que a justificativa para tamanha discrepância estaria no efeito personalíssimo
que o divinal olor causa em cada espírito.
Seja como for, ter sido a primeira ou a última
obra na criação pouco importará aos olhos dos que transcendem a só contemplação
da abóbada recamada, pois, como bem afirmou Víctor Hugo, “Nós olhamos as
estrelas por dois motivos, porque são luminosas e porque são impenetráveis. Mas
temos perto de nós uma luz bem mais doce e um mistério maior, a mulher.”
E
pegando esse gancho, creio que ninguém poderá contestar que “A mulher põe no
mundo toda a poesia e toda a doçura”, como bem retratou Leon Daudet.
Quanto ao mistério, ouso
afirmar, porém, e o faço com o auxílio da Condessa de Ségur, que pelo menos um
deles já me foi revelado: “O homem pratica os grandes feitos. É a mulher que os
inspira.”
Com efeito, devo tudo o que
sou à minha única mulher, Mônica.
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