Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Chorei a
despedida de Maria
Chorei o
novo tempo.
Vi na
alvorada do amanhecer
a redenção
da vida.
Senti na
pele
a ausência
do abraço,
mas o sol
estava ali
como se
viesse para me aquecer.
Abri a
janela para o mundo
e muitas
coisas mudaram.
Molhei os
pés.
Senti a
brisa do vento.
Não me
importei com
a chuva
caindo.
Nem sequer
mudei
a estação do
rádio,
a música
dizia tudo
sobre esse
momento.
Soltei os
cabelos.
Deixei a
minha identidade florir.
Eu vi em mim
aquela preta tão feminina,
leve e
solta, como poesia do mar.
Me encontrei
em tantas coisas.
A lua deixou
de ser a minha fuga.
Sou Obá
nessa nova vida.
Na calma do
seu olhar
eu entendi
que tudo iria ficar bem.
Mesmo que a
dor se faça morada
segui no
ritmo das águas
com todas as
bênçãos.
Eu me
abracei,
tomei para
mim
a clareza
das mulheres que
tanto
lutaram por sua liberdade.
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