Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
O verão a pino e o calor
estava insuportável então eu decidi pegar a velha bicicleta e sair para tomar
um pouco de ar, decidi tomar a tranquila alameda ao fim da alameda.
Inconscientemente mudei de rumo e enfrentei a agitada avenida, a três
quarteirões além, um pouco mais adiante, estava o prédio onde Bruno, um amor
antigo, que ali morava com a família. Parei, e da rua pude vê-lo bem, ainda
estava jovem, estava feliz e brincando com os filhos pequenos, no parquinho do
condomínio fechado. Curiosa que estava eu queria saber mais e, sem que ele
notasse, tomei o hábito de passar sempre ao final da tarde para espiá-lo, ele
ainda chamava minha atenção.
Lembrei da época, das nossas
meninices, quando estudávamos juntos em um rígido colégio particular. Havia
secção para os meninos e a secção para as meninas. A gente só se encontrava no
recreio para brincar juntos, sobre olhares atentos de inspetores. Crescemos
separados, mas um pouco mais crescidos, em bailes ou festas, sempre nos
encontrávamos e trocamos olhares e breves palavras. Então na festa de
formatura, entre sorrisos e abraços, entre as comemorações da realização
pessoal e familiar. Onde os olhares rigorosos, deram descansos para todas e
todos, em um rompante amávamos noite a fora, em um ato de rebeldia juvenil!
Tivemos um breve romance clandestino e tumultuado.
Mas, a vida dá voltas, nos
separamos e cada um seguiu o seu próprio caminho. Hoje, vendo-o novamente, meu
coração disparou, voltei novamente ao passado remoto. Passado distante em tempo
e espaço, no qual nunca foi bom para mim, cheio de mentiras, meias verdades,
traições e de tudo que poderia ter sido e não foi, tudo mexeu com o meu
psicológico.
— Elizabety, sou eu o Bruno,
entre vamos conversar e beber algo. — De repente escuto a voz dele, me chamando
para o tempo presente, para a realidade dura e cruel! Ele notou a minha
presença por fim.
— Como estás Bruno? —
Perguntei encabulada.
Eu estava constrangida, pois
eu não sabia, quando Bruno tinha sentido a minha presença. Ele, que estava
brincando com os filhos no parquinho, com os filhos, ele se aproximou do portão
do prédio, parecia que tinha esquecido por completo a prole atrás dele. E os
filhos nem se deram conta que o pai deles, que estava conversando com uma
completa estranha parada na calçada do condomínio onde moravam.
— Estou bem! Sinto muito a tua
falta! — Respondeu Bruno sorrindo com os olhos.
Como senti a minha falta?
Pensei calada, sempre viveu de mentiras e a vida dele era uma farsa!
— Não, não, e não preciso ir
embora. — Disse eu, subi na minha bicicleta, parti e nunca mais voltei a passar
na frente do prédio de Bruno e nunca mais o encontrei.
Recomecei a minha vida, longe
daquele homem fraco, que vivia me enganado com juras falsas de amor eviterno,
foi apenas uma recaída e nada mais. Não voltei para olhar para trás! Para
recomeçar é necessário evoluir, é preciso ter amor próprio para dar a largada.
Que haja em nossos corações vontade de recomeçar, não apenas vontade, mas
também muita coragem! Quanta a Bruno!? Já não sentia mais nada por ele...!
Apenas uma certa curiosidade.
Contato: debragafabiane1@gmail.com
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