sábado, 1 de junho de 2024

MAIS UMA VEZ ELIZA (EM RECAÍDA)

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

 

O verão a pino e o calor estava insuportável então eu decidi pegar a velha bicicleta e sair para tomar um pouco de ar, decidi tomar a tranquila alameda ao fim da alameda. Inconscientemente mudei de rumo e enfrentei a agitada avenida, a três quarteirões além, um pouco mais adiante, estava o prédio onde Bruno, um amor antigo, que ali morava com a família. Parei, e da rua pude vê-lo bem, ainda estava jovem, estava feliz e brincando com os filhos pequenos, no parquinho do condomínio fechado. Curiosa que estava eu queria saber mais e, sem que ele notasse, tomei o hábito de passar sempre ao final da tarde para espiá-lo, ele ainda chamava minha atenção.

Lembrei da época, das nossas meninices, quando estudávamos juntos em um rígido colégio particular. Havia secção para os meninos e a secção para as meninas. A gente só se encontrava no recreio para brincar juntos, sobre olhares atentos de inspetores. Crescemos separados, mas um pouco mais crescidos, em bailes ou festas, sempre nos encontrávamos e trocamos olhares e breves palavras. Então na festa de formatura, entre sorrisos e abraços, entre as comemorações da realização pessoal e familiar. Onde os olhares rigorosos, deram descansos para todas e todos, em um rompante amávamos noite a fora, em um ato de rebeldia juvenil! Tivemos um breve romance clandestino e tumultuado.

Mas, a vida dá voltas, nos separamos e cada um seguiu o seu próprio caminho. Hoje, vendo-o novamente, meu coração disparou, voltei novamente ao passado remoto. Passado distante em tempo e espaço, no qual nunca foi bom para mim, cheio de mentiras, meias verdades, traições e de tudo que poderia ter sido e não foi, tudo mexeu com o meu psicológico.

— Elizabety, sou eu o Bruno, entre vamos conversar e beber algo. — De repente escuto a voz dele, me chamando para o tempo presente, para a realidade dura e cruel! Ele notou a minha presença por fim.

— Como estás Bruno? — Perguntei encabulada.

Eu estava constrangida, pois eu não sabia, quando Bruno tinha sentido a minha presença. Ele, que estava brincando com os filhos no parquinho, com os filhos, ele se aproximou do portão do prédio, parecia que tinha esquecido por completo a prole atrás dele. E os filhos nem se deram conta que o pai deles, que estava conversando com uma completa estranha parada na calçada do condomínio onde moravam.

— Estou bem! Sinto muito a tua falta! — Respondeu Bruno sorrindo com os olhos.

Como senti a minha falta? Pensei calada, sempre viveu de mentiras e a vida dele era uma farsa!

— Não, não, e não preciso ir embora. — Disse eu, subi na minha bicicleta, parti e nunca mais voltei a passar na frente do prédio de Bruno e nunca mais o encontrei.

Recomecei a minha vida, longe daquele homem fraco, que vivia me enganado com juras falsas de amor eviterno, foi apenas uma recaída e nada mais. Não voltei para olhar para trás! Para recomeçar é necessário evoluir, é preciso ter amor próprio para dar a largada. Que haja em nossos corações vontade de recomeçar, não apenas vontade, mas também muita coragem! Quanta a Bruno!? Já não sentia mais nada por ele...! Apenas uma certa curiosidade.

 


Contato: debragafabiane1@gmail.com

 

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