sábado, 1 de junho de 2024

AS MINHAS PÁGINAS EM BRANCO

Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

Eu não tenho escrito nada de interessante ultimamente. Nada tem acontecido de uns tempos para cá. As páginas em branco, se sucedem em um ritmo diário impressionante, uma atrás da outra e dia após dia. Eu chego até a não me reconhecer mais, uma tragédia, íntima e pessoal, um fato lamentável!

Nem mesmo as pequenas tragédias do cotidiano, já não me inspiram mais. E meu jardim outrora florido, agora não passa de um deserto árido e sem vida. No céu as nuvens brancas, as estrelas, os astros e a lua parecem umas com as outras. As pessoas parecem uma com as outras. Já não reconheço mais minha pena, outrora cheia de mágoas, ressentimentos e iras.

A minha verve, agora parece conformada com as coisas, burocratizou-se e já não sonha mais com os impossíveis da vida. Já não tem aquela velha sanha avassaladora de quem vai mudar o mundo para melhor. Minha pena preferiu esconder-se no cotidiano e o meu íntimo diz: ‘’— Hoje vou escrever qualquer coisa, porque qualquer coisa está verve, qualquer coisa está bom! ’’

Como se vida não fosse um desenrolar de fatos novos. Fatos curiosos a serem vistos em ângulos diferentes, de várias formas. E em cada letra, a cada palavra uma descoberta, uma releitura da realidade. De como cada um vê e vive a vida à sua maneira, mas hoje as coisas estão assim mortas. Um arremedo de fatos novos que cheiram ao passado. Em suma muda-se o título, recompõe-se o texto e nada, nada acontece. Mas o que importa mesmo? Mesmo porque eu não tenho o ofício de escrever. Muito menos tenho o hábito de escrever bons textos!

 

Fragmento do livro: Uma flor chamada margarida, de Samuel da Costa, poeta, novelista e contista em Itajaí, Santa Catarina.

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário