Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Eu não tenho escrito nada de
interessante ultimamente. Nada tem acontecido de uns tempos para cá. As páginas
em branco, se sucedem em um ritmo diário impressionante, uma atrás da outra e
dia após dia. Eu chego até a não me reconhecer mais, uma tragédia, íntima e
pessoal, um fato lamentável!
Nem mesmo as pequenas
tragédias do cotidiano, já não me inspiram mais. E meu jardim outrora florido,
agora não passa de um deserto árido e sem vida. No céu as nuvens brancas, as
estrelas, os astros e a lua parecem umas com as outras. As pessoas parecem uma
com as outras. Já não reconheço mais minha pena, outrora cheia de mágoas,
ressentimentos e iras.
A minha verve, agora parece
conformada com as coisas, burocratizou-se e já não sonha mais com os
impossíveis da vida. Já não tem aquela velha sanha avassaladora de quem vai
mudar o mundo para melhor. Minha pena preferiu esconder-se no cotidiano e o meu
íntimo diz: ‘’— Hoje vou escrever qualquer coisa, porque qualquer coisa está
verve, qualquer coisa está bom! ’’
Como se vida não fosse um
desenrolar de fatos novos. Fatos curiosos a serem vistos em ângulos diferentes,
de várias formas. E em cada letra, a cada palavra uma descoberta, uma releitura
da realidade. De como cada um vê e vive a vida à sua maneira, mas hoje as
coisas estão assim mortas. Um arremedo de fatos novos que cheiram ao passado.
Em suma muda-se o título, recompõe-se o texto e nada, nada acontece. Mas o que
importa mesmo? Mesmo porque eu não tenho o ofício de escrever. Muito menos
tenho o hábito de escrever bons textos!
Fragmento do livro: Uma flor
chamada margarida, de Samuel da Costa, poeta, novelista e contista em
Itajaí, Santa Catarina.
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário