Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
Batom vermelho....
As horas passam devagar, não
vejo a hora de chegar à madrugada, existe um silêncio excitante na
madrugada. Na madrugada que me sinto
graciosa, me olho no espelho, pode até soar estranho, mas passo um batom
vermelho, e me sinto bem......
Renovo-me, sou outra pessoa,
alegre e grata por estar bem comigo mesma! Leio meu livro, mas de repente, ouço
vozes que saem do meu inconsciente. Tenho a mente acelerada, geralmente ando em
círculos... Logo depois, aquieto-me!
Cansei de ler e escrever
mentira... Às vezes eu penso: — “Se todos nós tivéssemos chance, aliás tempo
para ler e escrever, nosso país seria bem diferente, não haveria tanta ganância
e mentira.
Se todos nós tivéssemos chance
de conhecer a história da vida da mulher negra e periférica a escritora Carolina
Maria de Jesus, existiria mais valor nos estudos. Silencio-me, vou retocar meu
batom vermelho! Logo depois, quero ler “Quarto de Despejo” de Carolina de
Jesus, livro que recomendo.
Sinto saudade
Partiu e me deixou sozinha, com meus
demônios. Hoje, procuro os teus rastros, seu cheiro que impregna, mas não te
acho. Encontro-me no escuro com minhas mãos suadas de medo, meu riso falso,
nesta melancolia indesejada. E, eu sei, gritar de nada me adiantara, é melhor
assim.
Mas o meu corpo, ainda senti o calor
do teu corpo, entrelaçou junto ao teu, despiu minh’alma, tatuou-me. Estou no
escuro, não te vejo, e os dias parecem noites, pesadelos e constantes. Deixarei
a minha porta aberta e se um dia quiseres voltar…. Talvez, o nosso destino será
outro, e se não for, se lembre a saudade vai me cegar de tanto: — Amor!
Deixarei a porta aberta.
Pássaros engaiolados
Repugnante todos os homens que
prendem pássaros. Repugnante, pois não conhecem o que é liberdade e o que é ser
livre, são sozinhos e continuaram presos gravemente servos de uma sociedade
racista, xenofóbica e opressora.
Esqueceram das suas crianças
interiores, feridos por uma sociedade mesquinha, complexa e por um ensino sem
nenhum conteúdo, nos quais são vítimas. Filhos de pais geralmente rígidos, para
não se dizer indolentes, tornam- se cada vez mais inertes com baixa estima, com
mentes travadas, sem nenhuma possibilidade de se adaptar a uma sociedade digna.
E é aí que mora o perigo,
engaiolados, sem nenhuma leitura de conteúdo, aprendem a odiar o próximo, e
isso passa de geração a geração. Pássaros sem liberdade, servos da maldade,
feridos, sem asas que lentamente padecem. Há quem diga que o perigo é da
sociedade, da escola e do professor infelizmente... Pássaros engaiolados, e
mentes aniquiladas.
Fabiane Braga Lima é poetisa em Rio Claro, SP.
Contato: bragalimafabiane@gmail.com
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