Por Fabiane Braga Lima e Samuel da Costa
No ônibus que pego para ir ao serviço vejo sempre
uma catadora de materiais recicláveis, e percebo que ninguém se senta perto
dela. Há um certo descaso, um nojo repulsivo com aquela mulher!
Certo dia, resolvi segui-la pelas ruas, então ela
pegou a sua carroça, fez as suas orações, entrou em alguns comércios, pediu
licença e recebeu alguns recicláveis e foi catar algumas latinhas. O dono
de um restaurante reclamou e agressivo disse: — Basta! Suma daqui! Agora não
volte mais.
E assim foi sua rotina da pobre mulher, ao
anoitecer vai embora, ela passou em supermercado e comprou leite e pão para a
família.
Ao sair do mercado, eu ofereci alguma ajuda,
ela desconfiou de mim por alguns segundos. Ela ser consciente de quem é a onde
está me ponderou sobre o fato do veto do governo ao auxílio emergencial neste
tempo de pandemia da Covid-19. Ato que atingiu os mais pobres e principalmente
os catadores de materiais recicláveis!
Perguntei se era casada! Ela entre olhos rasos
d’água me disse: — Meu marido teve que amputar as pernas. Ela parecia
uma senhora bem velha, mas ainda era jovem.
Historicamente, não existe ajuda do poder público
para os mais pobres, e precisamos ser solidários e ajudá-los, juntando
materiais recicláveis, sendo mais tolerantes.
Termino este relato com a fala da jovem senhora
muito sofrida, que me olhando nos meus olhos me disse: —Eu espero ver dias
melhores
Nos despedimos e ela foi embora sorrindo, mas
chorando por dentro, pois seus filhos estavam esperando por ela, estavam
esperando por comida...!
Texto, argumento e enredo de Fabiane Braga Lima de Rio
claro, São Paulo.
Texto e revisão de Samuel da Costa de Itajaí, Santa
Catarina.
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