Por Marcelo de Oliveira Souza, IWA (Salvador, BA)
Sempre na segunda semana de janeiro, justamente na quinta-feira, como hoje, é
feita a Lavagem do Bonfim, inicialmente era uma festa religiosa, onde candomblé
e catolicismo se uniam para fazer umas das mais tradicionais lavagens da
Bahia, a Lavagem do Senhor do Bonfim.
Inicialmente quando juntou o religioso ao profano, chamavam de “A Festa dos
Coroas” mas a coisa foi se popularizando, tomando grandes proporções, que
é conhecida até internacionalmente, nessa época de verão, é muita gente vindo
ver.
Apesar da pandemia, ainda irão uns teimosos que regado à muita folia,
usam como desculpa para segurar uma “loira gelada” com sua
vestimenta tradicionalmente branca...
Não é por tudo isso que meu amigo Roberto, que veio do Rio Grande do Sul,
utilizou esse subterfúgio para ir à Colina Sagrada à pé, comigo ?
Chegando do Sul, a pouco tempo, hospedado na casa da minha vizinha, aproveitou
o ensejo para ir, onde eu era o cicerone, pois o cara não conhecia nada, não
sabia dos percalços e dos detalhes de segurança.
Mesmo sem saber de nada disso, ainda potencializou sua inocência com o chamado
“roupinol” que era uma bebia artesanal, feita de um monte de coisa que a gente
nem imagina.
Eu o desaconselhei, beber algo que a gente não tem nem
ideia... mas o homem insistiu, saiu com a dita cuja na mão, uma garrafa
de uma “bomba” desconhecida...
Eu sei que ele nem chegou à metade do litro que
era literalmente uma embalagem de plástico, daquelas que guardam
álcool líquido...
A cada gole o cara pirava, desandou a paquerar todo mundo que passava, lá na
Colina começou a claudicar nos passos, se arrastando...
quanto mais se arrastava, mais bebia, quanto mais bebia, mas
paquerava...
Ele via que era mulher, já era! Poderia ser de qualquer natureza, inclusive as
acompanhadas, ele ia encima, eu não sabia mais o que fazer, não queria
largar aquele troço, não sabia andar na cidade, portanto não poderia
abandoná-lo à própria sorte, então quando o ébrio investia nas mulheres
acompanhadas, os seus respectivos namorados ou maridos, iam para cima dele a
fim de querer esmurrá-lo.
Eu interferia sempre com a mesma frase:
- Olhe o estado desse homem, ele não está sabendo o que faz está se arrastando,
você vai querer bater num cara desses?
Sorte que as pessoas viam e compreendiam, porque se saísse murro, ele ia
apanhar sozinho!
Quando não tinha mais jeito, eu o chamei para retornar para casa,
caminhando, pois o trânsito estava interditado por causa do evento.
O dito cujo saiu se arrastando de lá até aqui na nossa morada, uns oito
quilômetros, mesmo assim durante o percurso não largava a “mardita” saiu
paquerando tudo pela frente, um verdadeiro horror, um trapo se arrastando com a
garrafa na mão paquerando, com aquele bafo etílico...
Quando chegamos aqui, ele estava com a chave do seu apartamento, que a quebrou
ao tentar abrir a porta, nisso já era noite, não tendo como
entrar em contato, com a sua irmã, ficou ali mesmo, escornado no tapete de
entrada, chegando até a dormir.
No outro dia, apareceu como se não tivesse acontecido nada, mas até hoje eu não
esqueço dessa grande lição, que Colina Sagrada com Roberto, não tem
condição.
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