Por Vânia Moreira Diniz (Brasília, DF)
Perdoem-me falar um pouco de
sentimentos pessoais, mas pela primeira vez tenho a impressão de que é proibido
sonhar. Estou em plena consciência, a lucidez completa que expulsa o devaneio.
Pensando num futuro objetivo, esquecida de muitas passagens que nos fizeram
andar com passos incertos. Agora sim. Pela primeira vez tenho a sensação de que
nada vai nos machucar. E isso porque chegamos a um tal ponto que só podemos
esperar pela reconstrução, reinvenção de nossos próprios valores exigindo de
nós mesmos atitudes serenas, porém firmes.
Outubro chegou hoje, o mês
mais encantador que conheço, com sua magia, encanto, relembrando-nos o mágico
poder das histórias de conto de fadas de nossa infância, a mês dedicado às
crianças e aos professores, mas entendo que já não se dá muito valor ao
“legítimo” no sentido amplo da palavra como é a missão dos professores e não se
pensa que a criança é algo importante demais para que deixemos que ela veja
como atualmente cenas tão cruéis. O que sabemos é que precisamos resgatar tudo
isso. Imediatamente, sem um segundo de espera para que todos possamos ser
felizes.
Estamos na primavera, flores e
plantas coloridas, a sensação de um aroma conhecido que se espalha e nos conduz
para essa natureza multicor. Tenho confiança que nosso sonho se foi, mas ficou
a certeza da beleza, da esperança e dos sentimentos, aqueles que vemos com
olhos da realidade encantadora e plena.
Estranho como apesar da
ausência de certas convicções somos capazes de buscar nessa estação delirante
de outubro a doçura de momentos que se aproximam. O céu muito azul, nuvens
esparsas e brancas, crianças espalhadas pelos parques, bebês nos carrinhos,
sorrisos quentes pela madrugada, a alma que vigiava alerta o amanhecer fogoso
para aproveitarem o dia que se estenderia doce e sedutor.
Nesse momento ali está o que
sempre admiramos: O céu parecendo se encontrar no horizonte com a luz amarela e
laranja em reflexos que nos fazem ter vontade de sentir entre os dedos essa
mágica da natureza. Desejamos sentir no rosto e no corpo esse sol de primavera,
deitar-nos ali, fechar os olhos admirando as flores nascendo viçosas e
perfumadas e então ansiar que todos possam usufruir esse momento mágico, sem
lembranças nem expectativas, sonhos esquecidos ou tristezas. Por um segundo
apenas.
O meu sonho se foi, mas ficou
a primavera. Agora sou eu que não quero sonhar, mas viver. E usufruir o hoje e
agora pelo menos nessa estação florida que acabou de chegar, desejo dar-lhe as boas-vindas,
saudá-la como sempre fiz e pedir que possa levar seu perfume a todos. Agora,
nesse momento de harmonia onde o arco-íris imprime alegria e deixa nos brilhos
dos olhos a marca de sua profundidade, não desejo sonhar, mas viver.
Não desejamos apenas sonhar,
mas viver...
E então amanhã será um novo
dia, mais consciente e lúcido, tranquilo e ameno baseado em verdades nada
contraditórias, mas coerentes e poderemos sentir que o sonho apenas passou por
nós, tocou-nos de leve e foi embora deixando por enquanto a primavera e depois
a felicidade. O sonho apenas passou por nós.
A primavera nos traz
lembranças, porém acima de tudo nos impulsiona para o amanhã como sempre
aconteceu e o tempo nos ensina cada vez mais o segredo do “saber viver” com
valores diversos, baseados na reflexão e nas experiências que o caminho ensina
e traduz. O sonho apenas tocou em nós.
O Portal Vânia Diniz, seu
editor e colunistas se erguem nessa primavera de outubro desejando e exigindo a
luta constante por “um mundo melhor”.
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