Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)
Encontrei as chaves perdidas de papai
Estavam lá, estáticas e bem seguras
Na algibeira interna
Do meu sobretudo negro
***
Agora sou eu que não me encontro mais
Acordo pelo amanhã
E contíguo a mim
Uma angústia
Infinda
De ser uma outra pessoa
Alheia do que fui até a pouco
***
Desaprendi
A compor em versos com poesia
Desaprendi a contemplar o vago
E o vazio inquebrantável
Do noturno silêncio oblíquo
Em noite perdida no campo santo
***
Encontrei as outrora chaves perdidas de papai
Agora a luz do dia faina
O meu corpo oco e insípido
Inerte em duas rodas velozes
***
Encontrei as chaves perdidas de papai
E minha nova paixão
Surge sempre benfazejo
Ao final do expediente.
Clarisse Cristal é poetisa e bibliotecária em Balneário
Camboriú, Santa Catarina
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