Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Dizer quem foi o filosofo e
ensaísta Jean Guitton, parece-me desnecessário, pois é sobejamente conhecido.
Escreveu vários livros; obras
dedicadas a " católicos inteligentes"; entre elas: " O Livro da
Sabedoria e das Virtudes Reencontradas", editado pela Editorial Noticias,
e o " Trabalho Intelectual" Coleção Universitária, da "
Logos".
Foi o único leigo a participar
no Concilio Vaticano II. Era professor da Sourbone e membro da Academia de
França.
Poderia escrever muito mais
sobre este Homem da cultura, amigo de Francois Mitterand e de vários Papas;
mas, o que pretendo levar ao conhecimento do leitor amigo, é o que se passou,
quando do foi incorporado no exército.
O jovem Guitton, que possuía
incomensurável fé, perguntou a conhecido sacerdote, se durante o tempo de
militar, deveria rezar, de joelhos, ao lado da cama, como era seu costume.
O padre, respondeu-lhe deste
modo: " É dever do crente, não se envergonhar da sua fé, e praticá-la
em público; mas, compreendo a sua posição..."
Jean Guitton, animado de fé
invulgar, indiferente aos camaradas presentes na caserna, ajoelhou-se e orou,
perante o respeito e admiração de todos.
Passaram-se longos vinte anos.
Guitton, já notável professor, soube que camarada de camarata tinha falecido.
Apareceu no funeral.
O pai do companheiro de
caserna, professor universitário, diretor da Faculdade de Ciência, logo
reconheceu Guitton. Agradeceu a presença e confidenciou-lhe:
Que o filho, que era ateu como
ele, falava-lhe muito de Guitton, e admirava-lhe a sua extraordinária cultura;
mas, principalmente, o que mais o surpreendera foi a coragem, o exemplo, que
deu, como crente, ao ajoelhar-se na caserna, para rezar.
Jean Guitton, desde jovem, não
se coagia, como católico, de se afirmar como crente, nos cargos que ocupava,
assim como nas numerosas entrevistas e conferencias, que concedeu.
Bem diferente de muitos, que
são crentes duplos: católicos no templo, agnósticos, na vida quotidiana – na política,
na empresa, na sociedade, – receando que a fé que professam, possa
prejudicar-lhes a careira profissional que iniciaram.
Jean Guitton, faleceu a 21 de
março de 1999, com 98 anos, confiante na misericórdia divina, pois receava não
ter posto todos os dons que recebera, ao serviço de Deus e da Igreja. -
Declarou numa entrevista concedida a revista francesa.
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